Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

domingo, 21 de outubro de 2012

“Hotel TETE”



Na cidade apenas um hotel, os viajantes que passavam por Tete, tinham apenas um , que hoje chamariam de “charme”.

Aconteceu durante muitos anos, ou ficavam nele ou numa qualquer pensão das poucas que havia na cidade.

Este edifício datava de muitos anos, talvez dos primórdios da cidade, mais tarde talvez pela imponência do edifício, foi remodelado fazendo do edifício um belo hotel “HOTEL TETE” (conhecido pelo hotel Silva, apelido do proprietário), com uma escadaria imponente culminando ao cimo com duas magnificas estatuetas talvez de Deusas gregas (deslocadas do seu país), como que dando as boas vindas.



Era na verdade um edifício bonito com uma decoração ao tempo, uma bela esplanada, onde a sociedade da época se reunia bebericando os seus whisky carregados de pedras de gelo,  soda ou gingerale, ao gosto de cada um, servido por criados de branco vestidos e bandejas cromadas.

Uma bela vista sobre o rio Zambeze, completava a beleza do cair da tarde.

Um local aprazível onde corriam as mais diversas historias de caçadores que ali se hospedavam temporariamente ou assunto de grande ou pequena importância da politica local. 


Um edifício que guardava a imponência duma sociedade prospera da época.

Mais tarde a piscina veio acrescentar a beleza e comodidade ao hotel, uma mais valia, e passou a ser frequentada pelas senhoras de fatos de banho á época que lhes cingia o corpo numa elegância nunca por ali vista.

Certo dia a chegada de uma “madame” de roupão cingido a um tão belo corpo, chama a atenção de todos, mais ainda porque vinha acompanhada de um seu criado, vestido de libré branco alvo.

Dirige-se á beira da piscina, abre o roupão e deixa vagarosamente deslizar pelos ombros torneados, recolhe-o, entrega-o ao criado.

Um "estiloso" mergulho e banha-se calmamente refrescando-se do calor que se fazia sentir naquele fim de tarde quente.

Em pé junto a piscina manteve-se o criado aguardando “petrificado” e de roupão da senhora, na mão.

Após algum tempo a "sereia", sai da água, veste o roupão e retira-se, acompanhada de seu serviçal que a seguindo, guarda alguma distância.

Valeu morar ali perto, o que permitia esta entrada e saída teatral sempre que lhe apetecia.

Deixava para trás todos os presentes, em conversas sobre a dama que acabara de sair.

Momento destes e outros de glória vivido durante vários anos, fez a história deste imóvel até que a cidade crescera e outro hotel foi construído.

A novidade de novo “poiso” deixa para traz os dias bons do velho hotel, que muitos ainda se lembrarão.

Tempos depois com tristeza vi-o transformar-se no comando militar “ZON” de Tete, um entrar e sair de militares durante anos, mas o edifício manteve-se belo, não se deixava abater pelo infortúnio da decadência que os anos lhe traziam.

Acabou a guerra, foi abandonado, começando a cair numa morte lenta de velhice e apesar das deusas que encimavam as escadarias se manterem no seu pedestal, caiu.

Soube há tempos que foi totalmente destruído para dar lugar a um centro comercial.

Jamais se ouvirá a musica que tocava nos bailes, os risos dos hóspedes que o frequentavam, as vistas da esplanada e as tardes de verão na piscina.





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