Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

terça-feira, 19 de setembro de 2017

O RIO REVUGUÉ


Esta foto não é minha, foi retirada do facebook.

A foto do rio Revugué, sei que é actual, mas na minha caixinha de memorias lembro-me de como foi quase há meio século, quantas vezes lá passei a caminho do Zobué e do Moatize.

Neste rio tantas vezes brincamos nas suas areias brancas quando ele corria manso. Era a nossa praia, eu minha irmã e irmãos Pinheiro, com uma idade de cerca de sete anos, corríamos, fazíamos buracos na areia etc.

Recordo que numa das vezes a brincadeira era esconder uma garrafa grande de Fanta para ver quem a encontrava.

Calhou-me a mim, e claro que longe deles enterrei na areia sem deixar sinal algum do local.

Corri para eles para que fossem descobrir onde estava a mesma, só que cansados de o fazer deram-se por vencidos, e eu eufórica pois tinha ganho o jogo corro para o dito local onde pensava que a havia deixado. Até hoje lá ficou a garrafa, nem eu nem ninguém a encontrou.

Para estas tardes de brincadeira os pais levavam sempre o lanche que devorávamos ao fim da tarde. 

Sandes, bolinhos, pasteis da D.Alba ou seja apesar de cada um levar o seu lanche, era sobre uma toalha estendida no chão que se juntavam a petisqueira e todos comiam.
Nessa vez bebemos agua fresquinha que andava sempre no carro

Eram tardes bem passadas.

Quando chovia, o rio enchia, quase cortava a travessia aos carros e ás gente, mas havia uma ponte de madeira chamávamos um "Derifet" que ligava as duas margens.

Agua muitas vezes passava por cima dele mesmo assim os carros aventuravam-se atravessa-la muito devagar não fosse o carro parar a meio "afogado" de agua que entrava no carburador.

Era uma aventura estas travessias, carros em fila de um lado e de outro do rio a espera que o rio baixassem mas meu pai conhecedor daquelas Africas, afoitava-se atravessa-lo.

Era um Volvo grande e forte e devagar lá ia ele ufano da coragem que estava a ter, á frente encolhida minha mãe, á janela eu e a minha irmã, cada uma em sua, lançando gritinhos e risotas de prazer sem consciência alguma que poderíamos resvalar ou falhar as tábuas da ponte que com a agua que lhes corria em cima quase se não viam.

Logo a seguir uma curva apertada na estrada junto a um "mecurro" onde milhares de pássaros faziam o ninho, perigoso para quem conduzia, e chegando a este ponto por precaução abrandavam a velocidade.

Nós crianças perguntávamos o porquê, ao que nos respondiam:

-Aqui neste buraco que não se vê o fundo é o´céu dos pardais onde eles tem os filhos e vivem só eles. Realmente a vegetação quase não se via de tantos ninhos estarem neles espalhados. Era um chilrear maravilhoso da natureza.

Infelizmente ainda não descobri no meu Baú de recordações essas fotos mas um dia vou te-las pois ainda estão em filme super 8.


Grande África, grandes amigos que ficaram cenas tão lindas na memoria de quem hoje vos conta.