Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

RECORDAR O PASSADO





Faz um frio que convida a estar dentro de casa, remexendo memórias guardadas mas não esquecidas

É mexendo em gavetas e caixas antigas que nos vem às mãos recordações de uma vida vivida umas vezes difícil outras nem tanto.

São tantas as lembranças que boas ou más gosto de as recordar.

Remexendo papeis guardados encontrei duas folhas de agenda escritas pela minha filha com a idade de 8 anos.

Ainda uma pequenita mas sempre com uma vontade enorme de tudo aprender, e neste caso era sentada na banca enquanto cozinhava as refeições.

Um dia não se sentou na banca mas encostou-se de caneta na mão fazendo mil perguntas e olhando o que fazia foi escrevendo, uma duas folhas e mais.

Perguntei depois o que estava escrevendo e mostrou-me, achei uma graça imensa e deixei que ela continuasse a escrever a sua curiosidade ou seja o que ia vendo.

Fui deixando que ela participasse mais activamente na cozinha, como quando fazia rissóis, que ela passava por ovo e meu filho pelo pão ralado.

Assim os tinha ali perto de mim sem andar na rua sabe Deus a fazer o quê.

No Inverno de lareira acesa espetavam maçãs num espeto de ferro que meu pai havia feito para os churrascos. Colocavam junto as brasas e assavam,maçãs que seria o seu lanche.

Assim envolviam-se entre os TCP e a vida quotidiana da casa, o que lhes veio depois ajudar num futuro.

Mas voltando à minha filha encontrei como já havia dito, as folhinha que acima divulgo, uma receita da sopa e como fazer um refogado.

Acredito que a escrita das receitas por ela um dia lhe serviriam de ajuda e aconteceu.

Eu e o pai trabalhávamos longe, até chegar a casa já eles tinham adiantado o jantar, colocavam uma panela ao fogo o que ajudava no jantar logo que chegasse.

Já crescida foi para Barcelona estudar na universidade, um primeiro afastamento que nós mães a separação nos turva o pensamento, e portou-se muito bem .

Estava num apartamento com mais duas colegas.

Nunca ficou sem comer, aplicou todos os conhecimentos fazendo-se uma dona de casa fantástica.

Fizeram vários amigos de outros países, e algumas vezes batiam à porta de saco na mão com frango ou outra coisa qualquer pedido que ela o fizesse no forno. Uma convivência saudável, umas amizades que ficaram para toda a vida.

Nada disto teria acontecido se não a tivesse tido junto a mim ensinando-lhe o muito que hoje sabe.

Uma menina que soube entrar na vida sabendo tudo que pertence a uma mulher fazer em casa, até costurar.

Apesar de muitas revés na minha vida, o meu núcleo familiar nunca foi descurado.

Hoje tenho uma ligação fantástica com os meus filhos apesar de já terem as suas vidas independente.

Um amor incondicional. Obrigada meu Deus.