Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 14 de dezembro de 2013

OS LIVROS


“Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. (…) Gosto do barulho das páginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: (…) a lombada descascando, o volume ficando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros.” Martha Medeiros


Biografias por Encomenda




Algures numa página do Facebook este pequeno trecho.

Na altura comentei-o, ao mesmo tempo que acordaram em mim sentimentos esquecidos há muito, tal como um velho amor que se recorda.

Dei comigo a procurar livros que já se encontravam guardados na estante mais alta e que há muito de lá não saíam

Felizmente a leitura foi algo que naturalmente se impos na família, afinal Africa, pela sua temperatura tórrida, tinha a “mania” de convidar todos a longas sestas e nem sempre seriam para dormir.

No fresco do ar condicionado, era o livro que tínhamos por companhia, que nos levava além da imaginação.

Um dos primeiros livros que me foi oferecido tinha cerca de 10 aninhos. Um livro de Walter Anderson “ A CAIXA MAGICA”, contos de encantar de reis e rainhas, príncipes e princesas, escravas e senhores numa fantasia magica.

Estima-o com todo o cuidado, era o melhor livro encadernado que tinha. Um dia pediram-me emprestado, deixaram-no á chuva e devolveram-mo assim.





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Feio e estragado continua guardado carinhosamente

Com o passar dos anos foram os romances que passaram acompanhar-me nas longas sestas.

Dr. Jivago, família Forsyte etc.

Os amores e desamores no meio de num jogo de palavras que sem querermos participávamos tomando partido dos intervenientes como se nos fossemos o protagonista.

Dai o salto para os livros de poesia, poemas de saudade, de amor traduzido em palavras que me extasiava.

E lia, lia tudo que estivesse ao meu alcance.





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Escritores bons (que ainda hoje releio) e os nem tanto (o que acabava por deixara a meio por falta de interesse).

E assim fui enchendo as estantes de livros que tenho sempre á mão para me fazerem companhia.

Mia Couto, Pepetela, Aniceto Afonso, João Paulo Borges Coelho, Carlos Vale Ferraz, e todos que me falam de Africa



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Para os mais esquecidos, sugeria a leitura de “Os Colonos”, porque hoje recordam apenas a vida fausta e boa e nem sempre assim foi.

Outros abriram caminho para que isso acontecesse.


Partiram de mãos vazias. Enraizaram-se e amaram a terra. Mudaram África e foram mudados por ela. Uma história de paixões e desilusões, mas também de heroísmo e sobrevivência.
Ouvimos com frequência dizer, ao longo das últimas décadas, que a nossa descolonização foi mal feita. Mas poucos lembram que a colonização não correu melhor. O que aconteceu, afinal, aos colonos que partiram para terras de África? Sem traumas ou preconceitos, este romance acompanha a epopeia dos madeirenses que fundaram o Lubango, no Sul de Angola.
Na segunda metade do século XIX, esgotado o filão brasileiro, os olhos de Lisboa dirigiram-se para o interior africano. Era tarde. O ultimato britânico avizinhava-se. Através da história da família Zarco e da fundação da cidade de Sá da Bandeira, narram-se neste romance as vidas de gente humilde que procurou um futuro melhor. Vidas carregadas de esperança e do desejo de vencer. Gente que lutou e amou, intensamente, e que na maioria dos casos morreu pobre.







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Por tudo isto, os livros são meus companheiros, transportam-me a vivências passadas, o cheiro do papel, as anotações que vou colocando a lápis, os parágrafos marcados, e o que se encontra guardado dentro dessas paginas.

Ontem mesmo ao rebuscar um livro encontrei entre paginas um botão de rosa seco já quase a desfazer-se, oferta de alguém muito importante certamente, e que ali deixara o seu perfume á época.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

CERIMONIAS DE AFRICA


imagem da internet


Muita gente se admira com a morosidade de se efectuar o funeral de alguém em AFRICA.
Recordo os batuques daquelas terras longínquas, quando pela noite rasgavam o silêncio.

Gritos lancinantes abadados pelas cadências dos tambores e o gesticular dos braços e o bater dos pés no chão que rodopiavam em redor da fogueira.

Escorria-lhes o suor pelos peitos que pendiam caídos cobertos de pó que se ia levantando pelo patinhar no batuque.

E toda a noite corria a dor nas veias e no corpo, enquanto rodava a caneca do pombe ou outra bebida alcoólica que lhes turvava a cabeça.

Já pela manha, o som foi-se esvaindo, apenas a porta da palhota onde jazia o morto, ainda havia gente sentada chorando baixinho, talvez pelo cansaço da noite ou pelas lagrimas esgotadas.

Dali sairia numa tarimba de paus, o corpo enrolado numa capulana, em direcção ao buraco que havia sido aberto junto a arvora dos espíritos num local que se dizia santo.

Findo o funeral antes mesmo de o descansar dos acontecimentos, ali se sentavam os parentes para decidir dos bens do falecido e da mulher que ficara viúva.

Pouco ou nada fora deixado mas como responsáveis ali estavam para cumprir ou fazer cumprir os seus costumes.

Á morte do marido há as cerimonia para a união entre o irmão do falecido e a viúva.

Restantes bens passam para seu herdeiros neste caso, filhos e irmãos mais novos.

As cerimónias são presididas pelo curandeiro e as mulheres mais velhas da família.

Levam semanas com muitas regras e proibições até que se libertem de todas para que não haja maldições a cair no futuro.

Afinal as gentes evoluem e estudam, ficam doutores mas quando morrem apesar de não darem nas vistas a base do luto é a mesma, cerimonias dias e dias até que considerem que o morto poderá descansar em paz.

Africa no seu todo!







terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Parabens meu filho

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Depois de aqui falar do aniversário de minha filha, eis que hoje venho falar do aniversário do meu primogénito.
Em terras quentes e lindas dum país que existiu como sendo a Suíça de Africa, nasceu meu primeiro filho.
Que falar da alegria do nascimento de um filho?
Uma bênção, algo que preencheu totalmente o coração de uma menina de apenas vinte aninhos.
Sou grata a Deus pelos seus nascimentos!
 Fernando Miguel, hoje pai de duas meninas, já sentiu a maravilha destas bênçãos, um enorme beijo de parabéns, que Deus lhes tudo de bom desta vida.
Sou feliz rodeada dum amor de família, por isso hoje também estou em festa.