Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Obrigada minha mãe.

pai e mãe

Há muitos anos, ainda a civilização não chegava a Tete, onde as noites se passavam á luz do petromax, ouvindo os sons do mato, Augusta com apenas 20 aninhos, chegara da Metrópole, apos uma longa viagem de barco até a Beira, vinda com um casamento de procuração dos que só conhecia o marido por fotografia, mas que viera a tornar-se num casamento de sucesso, daqueles que só a morte os separou.
As vicissitudes da vida africana não a desanimaram nunca, lutou lado a lado adaptando-se a tudo que a mesma lhe oferecia durante anos a fio.
De inicio no Zobué, o interior dum país desconhecido onde tudo que a rodeava era bem diferente do que deixara la na aldeia donde viera.
O isolamento e o viver com um homem que apesar de seu marido, era até ali desconhecido, foi um acto heróico como o de tantas mulheres na mesma situação.
Apenas os nativos com ela conviviam, até fazer amizades com as outras senhoras na mesma situação.
Tempos depois uma criança de dois anos fruto de uma união anterior de meu pai, que desconhecia, foi-lhe entregue para que a criasse.
Assim o fez, hoje já homem feito e avô de netos é a ela que lhe chama mãe.

e filhas
Entretanto nasceram duas filhas, o que completou uma família feliz.
Muitos anos passaram, de dificuldades, lutas diarias,tambem  grandes alegrias e amizades criando um mundo seu, ombreando meu pai na luta da vida que venceram.
Uma vida de empresário, bem acomodado na vida vendo crescer as filhas dando-lhes um futuro próspero que haviam conseguido a muito custo, descançavam.
No auge desta vida, a tristeza chegou quando se viu obrigada a deixar tudo, numa fuga que separou a família, já acrescida de genros e netos, para partir para uma nova aventura, o regresso às origens motivado por uma politica de que era alheia “A descolonização”.
Continuou a ser o pilar da família encorajando todos, acolhendo em seus braços nós que tão jovens poderiam perder-nos nas vidas novas que não tínhamos e na falta de apoios que tivemos.

Vencemos, erguemos a cabeça e construímos tudo de novo.
Meu pai com idade já de reforma e vindo de uma situação de rendimentos, voltou a ter que trabalhar, cruzando caminhos de neve e gelo, manhãs madrugadoras e regressos tardios, cansado mas não transparecendo nada para que ninguém esmorecesse. Trabalhou até aos setenta e dois anos em troca duma reforma miserável. Descansa em paz.
Ela, ainda bem de saúde, olhando pelas bisnetas e continuando apoiar todos nós com uma força incomensurável. apesar das  rugas profundas sulcando-lhe o rosto, e de rabugice própria da idade, senhora de todas as faculdades, vai caminhando de cabeça erguida até que Deus a chame, certa dum dever mais que cumprido. 
É a ela que eu hoje entrego meu coração e minha gratidão de tudo que até hoje nos ensinou.
Obrigada minha mãe.
 


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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Flores dia dos namorados

imagem da internet
Rosas a 2 € cada, na montra a noticia!
Dizia ela, que horror estas flores colhidas e vendidas no dia de hoje ao preço do ouro em troca de uma declaração de amor talvez com validade bem curta
Comprar uns ramos de flores, caras por sinal, e oferecerem num encontro combinado normalmente no café ou na rua, e ficar nas mãos com aquele “mono” que nem gostas, ou és alérgica até chegar a casa.
Procurar um jarro com água para as colocar, logo aí não o desmancham e o papel que as envolve dificulta a tarefa e começa uma luta para que fiquem bem colocadas.
E ficam num canto onde nem fica bem mas é o disponível,  vão deixando cair as pétalas que se espalham sobre a mesa.
 Ao fim de dois dias a agua onde estão colocadas fede, um imenso limo circunda os caules das flores até que já insuportável decide colocar no lixo.
Não cabe no caixote, tenta dobra-lo e espirra aquela agua fedorenta por todo lado, e deixa a cozinha em mísero estado.
Terminam assim o ciclo, do símbolo dum dia como os outros apenas diferente pela correria das prendinhas pirosas e sorrisos melosos e do dinheiro mal gasto, dentro do contendor do lixo.
No dia seguinte os gritos e o respeito que se não compra e não suja são esquecido e a vida contínua.