Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

domingo, 17 de janeiro de 2016

A Dor..



Há coisas que pensamos nunca acontecer a nós ou à nossa família mesmo temendo e lamentando que elas existam.

Olhamos para o lado e sentimos um aperto no coração de pena pela dor dos outros chegando mesmo às lagrimas.

Confortamos as pessoas e a família, damos a esperança que perderam ao saber da notícia, choramos junto delas e enxugamos-lhes as lagrimas.

É um sofrimento que partilhamos, mas fáceis são as palavras de coragem e esperança que lhes incutimos na tentativa de lhes minimizar a dor.

Essa dor que só conhecemos quando nos calha a nós.

Um mundo desaba e uma imensa dor nos invade, direi mesmo que petrificamos totalmente.

Ficamos sem chão, sem a tal coragem e esperança que tentamos dar aos outros, morremos um pouco sem darmos por isso.

É a dor da espera nos imensos corredores do hospital, dos envelopes dos exames que gelamos ao recebe-los, das palavras que ouvimos dentro de um consultório.

Positivo!

A palavra que deveria ter uma conotação feliz e passa a ser um ferro em brasa que nos magoa.

Gelamos e deixamos de raciocinar nesse curto espaço de tempo, ficamos ausente de nós mesmos um enorme vazio nos rodeia como se deixássemos de existir.

O ar da rua acorda-nos da letargia que nos encontramos, olhamos para o lado e há que aparentar que será um caminho a percorrer fácil, sem problemas etc. etc.

A quem mentimos ao doente ou a nós mesmos?

Não posso quebrar, tenho mesmo que por a mascara de pessoa forte que tem esperança e fé que tudo correrá bem.

As noites tornam-se longas, apenas fantasmas invadem meu descanso, e o sono que não vêm, mesmo depois de engolir os comprimidos que fariam dormir qualquer um!

Procuramos saber junto dos médicos conhecidos se fazemos bem ou mal avançar, como será, o durante e o depois, etc.. etc.

A dúvida persiste em nós, mas terá que ser, todos me apoiam como antes apoiei outros.

Está para breve, diariamente ponho a mascara de despreocupada, ajudo a que a doente se abstraia dos dias que virão, sorrir quando por dentro me apetece gritar, porquê ela Senhor?

Resta-me rezar, ter fé e forças para encarar toda a situação.


Deus existe.