Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 6 de dezembro de 2014

45 anos



Foi em 1967,ou talvez não!

Já nem recordo a data apenas sei que era jovem, muito jovem, quando te conheci.  

Havias chegado à cidade como militar.

Encantaste-me, entre conversas e brincadeiras namoramos. 

O tempo foi passando, regressaste à Metrópole, e quando já pensava ter-te perdido voltaste.

Talvez o  destino estivesse marcado, e acabamos caminhando lado a lado pela vida fora, entre bons e menos bons momentos fomos andando.

Hoje 07 Dezembro 14 fazemos 45 anos desta longa  caminhada, não estamos sós mas acompanhado dos filhos e netos.

Que Deus nos acompanhe por mais alguns anos. 




domingo, 30 de novembro de 2014

TERRA PERFUMADA




A chuva, essa chuva que trazia os meus cheiros de Africa.

O cheiro a terra molhadas, que apaziguava a alma das gentes e o calor que sentíamos.

No chão quente, as pingas grossas levantavam uma poeira "resmungona" como que querendo sacudir do seu espaço a intrusa recém- chegada.

E caía grossa, num repente que muitas vezes nos apanhava na rua.

Quando acontecia, era um correr para o abrigo mais próximo, até que ela passasse.

Dentro do carro parado junto à mãe de água, ali esperávamos olhando o rio que corria desalmadamente levando consigo troncos boiando ao sabor da corrente e tudo mais que encontrava pelo caminho.

Durava pouco ou continuava pela noite fora, apagando o fogo das queimadas que já limpavam os terrenos para as culturas,ora tornando-se forte formando rios de água que tudo levava à frente.

As cheias, quando aconteciam levavam consigo todo o pecúlio das gentes dos campos, as frágeis habitações de paus e capim, as culturas, e os animais que os ajudavam na sobrevivência.

Cobriam-se as estradas de lama, por onde fugiam as gentes de “catundos” na cabeça e filhos as costas refugiando-se das águas que ocupavam seus lugares.

Mas era belo o cenário das chuvas tropicais, e escreviam isso mesmo.

TERRA PERFUMADA

Cheira-me a pó de terra vermelha,
A rio forte que corre velozmente,
Cheira-me á florescência da mangueira
A pêra goiaba, a maçaniqueira

Cheira-me a chuva diáfana e bondosa
e sinto encostado ao embondeiro
a natureza, o alimentar da minha alma.

Deixem-me ficar assim absorto
Aqui, onde a vida me ofereceu
A terra que viu nascer,
Tudo o que sou e tudo o que é meu.

Um bonito poema escrito à época pelo sargento que me namorava, hoje meu marido.

Essa terra e essa chuva que nos lavava a alma e nos deixava felizes, vendo depois  o desabrochar dos "capins", das culturas, tornando tudo mais verde, voltando á normalidade.

Era o ciclo da vida.!