Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Recordando "OS PEREIRAS"







Está frio, nevoeiro, coisa que não gosto porque tenho saudades do sol que nos aquece o corpo e a alma.

Este tempo dá uma tristeza e uma melancolia de quem já viveu muitos anos, por terras onde estas palavras nunca existiu.

Recordo vidas anteriores, todo o passado nestes dias que apenas me apetece sentar a um canto onde ninguém me fale nem me veja, fecho-me num mundo feliz dum passado que não volta, um passado que nunca meus olhos verteram lágrimas, nem me senti nunca tão só
.
Recorro talvez por erro, a folhear fotos antigas que fui tão alegre e feliz e por vezes vejo alguma que de imediato me vem a memoria a amizade que tínhamos bem como todo o passado.

Reparem nesta foto que até quem vivia só numa cantina do meio do mato, onde o dia nascia e anoitecia olhando o casal apenas, um para outro acompanhado pelo radio ligado numa qualquer estação talvez para apenas fazer barulho sendo que os donos se não sentissem tão sós.
                                      


Recordo tão bem os dias que ali passávamos de quando em vez, porque eram grandes amigos dos meus pais, felizmente até eles partirem mesmo depois de regressarem a Portugal, ainda os visitamos.

Não era tão perto de Tete mas a amizade fazia mais curta a viagem que tínhamos que fazer.

Passávamos lá dias fantásticos, recordo tão bem a entrada da loja chamavam por lá “cantina”, onde nas prateleiras arrumadinhas as peças de tecido baratas e outros bens necessários dia a dia, tudo devido ao poder de compra local
.
Ao lado havia uma porta que dava para uma sala que eu achava mais uma sala de visitas, mas penso ser um escritório onde as contas do negocio eram feitas sob uma secretaria encostada a janela com uma vista bonito.

Outra porta dava ligação à casa que alem das salas de jantar, quartos e casa de banho, havia uma varanda com janelas viradas para o resto do quintal onde felizes passeavam as galinhas etc,tinham-se acesso por uma escada que descia da varanda ate ao quintal.

Nessa varanda descansava-se nas típicas cadeiras de lona, onde esticavam o esqueleto vagueando o olhar pela paisagem de mato verde, ou dormitavam a sesta.

Tanto que brincávamos nas ferias com os filhos, pois a filha foi estudar para o Malawi e o filho para L.Marques.

A rua era mais onde se passava o tempo, ouvindo o guinchar dos macacos em cima da pedras em frente à casa.

D. Ana fazia costura, o que lhe ocupava um pouco aquele tempo isolada, não tirando a vez ao alfaiate que na varanda como em todas as lojas, costurava as capulanas e as cabdulas dos clientes.

Os cães, tinham dois, um leão da Rodésia e um pequenote de nome Tico que dava saltos enormes e nos punha a rir.
                                      

Gozamos ferias de praia em Lourenço Marques, acampados na Polana em tendas que nos foi arranjadas pelos militares, enormes de um lado a ocupada pela nossa família, de outro lado pela outra família e entre as duas , de improviso a nossa cozinha.

Umas ferias maravilhosas onde a roupa que vestíamos era o fato de banho pois a praia era mesmo ali.                
                                  

Vestíamos apenas quando íamos conhecer a cidade. 
                                 

Foi uma viagem de carro que nos facilitou paisagens maravilhosas pois saímos pela fronteira dos países ingleses, Pretoria, etc. Paramos nos túneis de Louis Trichardt para apreciarmos uma obra jamais vista.
                                 
                                    

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Infelizmente deste passeio já muitos partiram, e há muito mais a relatar, mas onde estejam sabem que jamais esquecerei estes dias