Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Mãe coragem






E passaram os dias, de muita incerteza, muita dor, muita ansiedade. Agarrei-me à fé e com Deus fui acalmando a alma sentindo a esperança de que tudo correria pelo melhor.

Por experiências familiares a coisa não correu bem, no entanto como disse na última publicação sempre temos a esperança que connosco será diferente.

No meu rosto nunca desapereceu o sorriso nem as palavras de esperança “desvalorizando” o assunto, como se pudesse ser possível, mas para que ela se sentisse confortável sem medos.

Comprei-lhe lindos pijamas, floridos de cores vivas casaquinhos de malha a condizer não fosse o frio apoquenta-la dentro do hospital, engano meu ali dentro era quentinho e confortável, muitas revistas para ir lendo e abstrair-se da realidade, enfim tentando um faz de conta para que a cabecinha dela se distraísse da realidade.

Na enfermaria gente ainda jovem o que deu para conversas “light” todas enfrentando corajosamente seus casos.

E foi operada, nesse dia deixei de existir neste mundo, sentia-me num vazio enorme com movimentos robóticos, até á hora da visita das 14h30. Lá estava eu subindo as escadas até ao 6º andar, deitando os bofes pela boca mas senti ser necessária para acordar da letargia a que me entreguei entre orações e silêncios para que não me acorresse maus pensamentos.

Ela já estava na enfermaria, ainda dormente da anestesia, mas bem-disposta.

Falei pouco com ela disse-me que tinha muito sono, passei-lhe a mão pela cabeça e disse que descansasse, aconchegando-lhe a roupa entre tantos tubos que a rodeavam.

E dia a dia foi recuperando, sempre de sorriso nos lábios, atendendo o telemóvel dos mais queridos que queriam saber das melhoras, e entre conversas e pequenos passeios no corredor do hospital.


Ao fundo havia uma enorme janela onde o sol entrava, era ali que se sentava nos cadeirões que dispostos lado a lado onde descansavam os doentes.

O pessoal do hospital, impecável, de trato afável e competente com todos os doentes, desde médicos às senhoras da limpeza.

Uma mulher corajosa, mutilada quase no fim da vida mas lutando com todas as forças.

Uma mãe coragem, que comparei as heroínas do “Far-West”, de armas em punho defendendo a vida e a família.

Tem ido ao curativo, e para tal levantamo-nos as 07h00 da manha ainda escuro, mas parte da costura é apenas um risco sarado, não fosse o pedaço retirado deixaria que se esquecesse depressa do acontecido.

Ainda a ajudo a tomar banho, vestir e despir pois o braço ainda em recuperação, vamos ver como corre daqui para a frente, que Deus a ajude a não sofrer porque já teve a sua quota parte que bastasse.