Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 8 de junho de 2013

A lista telefonica

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Temos guardado entre tantas coisas que marcaram a nossa vida pelas terras de África, a lista telefónica da cidade de Tete, que consultamos religiosamente quando queremos recordar o nome completo de alguém ou a morada.
Funciona como que um CD de consulta, gravado com realidades passadas pronto a ser utilizado quando necessitamos de acordar aquela lembrança que se esconde no fundo da nossa mente.
Conversamos bastas vezes sobre as nossas gentes com quem privamos ao longo de tantos anos e nos deixou marcas positivas num passado inesquecível, e sobre esta imagem ocorre-nos de imediato o funcionamento da central telefónica do antigamente.
Digo-vos que é com um sorriso feliz que escrevo estas palavras, pois penso que em lugar algum do mundo se passava assim:
Ao levantar o auscultador para fazer um simples telefonema, do outro lado uma voz “sui generis” perguntava:
Pode dizer o número?
Pacientemente após informarmos o solicitado, a D.Arminda lá colocava a cavilha e fazia a ligação.
Num repente:
Esta em comunicação!
E desligava. …
Quando passaram a central “automática” que discávamos nós mesmos os quatro algarismos quebrou-se o encanto da voz humana que nos atendia antes de falarmos com quem pretendíamos.
 O nosso telefone de casa era:
Fernando Gomes Teixeira      2880
( como gostaria que muitos dos que estão a ler estas palavras pudessem relembrar historias como estas e as colocassem, preto no branco..)

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O PROFESSOR

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Ano de 1966/67, fervilhava em nós o sangue da juventude irrequieta, próprio de quem vivia “enclausurada “ numa cidade do interior, nos confins do mundo a que os historiadores chamaram de inferno na terra, pelas altas temperaturas que se registavam.
Na época o único colégio particular que existia, tinha como professoras maioritariamente freiras, a quem tínhamos que obedecer, mais a umas que a outras, e como sempre  a referencia da que mais de evidenciou pelo respeito que impunha aquela cambada de jovens inconscientes que reconheço hoje, terem um comportamento irreverente. (Irmã Maria)
Com a chegada dos contingentes militares, foram admitidos alguns militares ou esposas dos mesmos para leccionar algumas das disciplinas uma vez que o número de alunos aumentava ano a ano.
Não vou agora recordar todos mas só para dar uma ideia das meninas sossegadinhas que na altura éramos, tínhamos um professor de francês, um alferes de nome Patrício. (muy guapo) por sinal, as aulas dele decorriam numa sala ao lado da sala dos professores o que quer dizer, para quem conhece, que havia ao fundo uma porta de acesso a varanda da frente no 1º andar.
Bem…nestas aulas até á bola se jogava, uma rebaldaria total, e quando o professor delicadamente nos convidava a sair da aula com um “faça o favor de fechar a porta por fora” lá íamos de peito feito e sorriso maroto, cumprir a ordem para de seguida tornarmos a entrar pela porta dos fundos.
Ainda hoje não deixo de me rir quando recordo estas passagens…
Azar ou sorte nossa, entra um professor já com alguma idade, militar, para leccionar físico química e matemática.
Para não falar de terceiros, eu era uma aluna de péssimas notas o que na altura se chamava de “cábula” pois estudar não era comigo, e “bem comportadinha”, logo na primeira aula fui posta na rua mas á séria. Com este senhor não se brincava mesmo, aprendi.
Nem foi preciso ser chamada a irmã Maria ou a madre Paula, ele se encarregou de impor ordem naquela turma de mal comportados bastava um olhar mais serio e a coisa ficava resolvida.
Apenas sei que subi as minhas notas nestas duas disciplinas, coisa que a DraªRosario Crispim não queria acreditar pois nunca conseguiu dar-me uma positiva, quando passei á classe dos alunos “mete nojo” como hoje se diz pelas elevadas medias que tirei nesses anos.
Certamente todos que me estão a ler saberão de quem falo pela amizade que ficou e perdurou até á bem poucos anos quando partiu para descansar desta vida.

E nesse tempo não havia greves de professores,nem reclamar pelas 40 horas semanais, nem pelo tamanho das turmas. Havia muito respeitinho isso sim.
As minhas homenagens ao Prof. Gonzaga que deixou a sua marca profunda nos ensinamentos e amizade que deixou nesta passagem pelas nossas vidas.