Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 8 de junho de 2013

A lista telefonica

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Temos guardado entre tantas coisas que marcaram a nossa vida pelas terras de África, a lista telefónica da cidade de Tete, que consultamos religiosamente quando queremos recordar o nome completo de alguém ou a morada.
Funciona como que um CD de consulta, gravado com realidades passadas pronto a ser utilizado quando necessitamos de acordar aquela lembrança que se esconde no fundo da nossa mente.
Conversamos bastas vezes sobre as nossas gentes com quem privamos ao longo de tantos anos e nos deixou marcas positivas num passado inesquecível, e sobre esta imagem ocorre-nos de imediato o funcionamento da central telefónica do antigamente.
Digo-vos que é com um sorriso feliz que escrevo estas palavras, pois penso que em lugar algum do mundo se passava assim:
Ao levantar o auscultador para fazer um simples telefonema, do outro lado uma voz “sui generis” perguntava:
Pode dizer o número?
Pacientemente após informarmos o solicitado, a D.Arminda lá colocava a cavilha e fazia a ligação.
Num repente:
Esta em comunicação!
E desligava. …
Quando passaram a central “automática” que discávamos nós mesmos os quatro algarismos quebrou-se o encanto da voz humana que nos atendia antes de falarmos com quem pretendíamos.
 O nosso telefone de casa era:
Fernando Gomes Teixeira      2880
( como gostaria que muitos dos que estão a ler estas palavras pudessem relembrar historias como estas e as colocassem, preto no branco..)

2 comentários:

Unknown disse...

Pois, para mim, a melhor recordação que tenho dos telefones de Tete e das prestimosas ligações manobradas pelas super-pacientes telefonistas é, sem dúvida, a amabilidade com que nos atendiam, bem como a atenção que dedicavam ao seu trabalho e aos seus ás exigências dos utentes. Quantas vezes reclamávamos por não termos uma ligação tão depressa quanto desejávamos?
Mas o que me vem de repente à memória sobre a minha relação com os telefones e as telefonistas de Tete, é a interessante tecnologia que estava à nossa disposição na gare da DETA, do aeródromo militar de Tete: era um clássico e encantador telefone de manivela que só funcionava depois de rodar com esta.
Muito sofria aquele telefone. Tínhamos que ir com alguma antecedência para o "aeroporto", com os passageiros, carga e correio. Necessitávamos de comunicações a fim de conseguirmos a informação possível para nos guiarmos e a fornecer aos passageiros. Não era fácil. E aí, lá se recorria ao dito telefone - peça única e de museu - para acedermos às fontes: aeronáutica, meteorologia, terminal na cidade, etc.
Depois de darmos energicamente umas quantas voltas com a manivela, lá nos atendia a D. Arminda, ou a outra senhora de quem já não me lembro o nome. Notando que algum cansaço tomava a senhora e que a paciência já era pouca, eu, com a minha típica jovialidade. própria dos meus 19 anos, e com aquele humor que conseguia, dizia:
- Boa tarde D. Arminda, aqui fala do Aeroporto Internacional do Chingódzi. Lindas palavras que davam um pouquinho mais de alento às senhoras e que melhoravam substancialmente a nossa comunicação.
E, no entanto, nunca cheguei a falar com qualquer das senhoras diretamente, nunca lhes vi as caras, nem troquei com elas qualquer conversa mais banal e menos profissional. Nunca tive o gosto de as conhecer pessoalmente e, tudo isto, numa cidade tão pequena como a de Tete.

mimiteixeira.blogspot.com disse...

Pena não saber que é, mas era exactamente assim.