Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 12 de dezembro de 2015

Fotonovelas !




Antigamente (quase pareço meu pai quando ao fresco da tarde recordando algo do passado) começava assim:

Uma ocasião…

Pois mas ontem sentada ao serão em frente ao televisor enquanto minha mãe via a novela da noite eu lia um livro que teimo em não ter tempo para o acabar apesar de bastante interessante, e pensei nas horas que hoje perdem a ver histórias de amor, traição etc.

Percebo que são programas que por um tempo nos abstrai da vida real, enquanto o tempo vai correndo e passa o serão.

Noutros tempos era passado sentados à fresca na noite estrelada conversando uns com os outros ou com algum vizinho que se aproximava para passar um tempinho connosco.

Mas na verdade estas histórias que nos adormecem os sentidos por momentos também existiam, e faziam-nos sonhar pelo menos às jovens românticas.

Eram as fotonovelas, revistas compradas semanalmente na Papelaria da terra, que eram devoradas à hora da sesta enquanto o calor apertava e os ares condicionados refrescavam o ambiente na sua máxima força.

Folhas cheias de imagens aos quadradinhos com “legendas” escritas narravam inúmeros romances com todos “ingredientes” de que faz parte uma boa história de amor.

Pior era quando no fim da folha aparecia a palavra “continua”, o que queria dizer, compra a próxima revista se queres ver o fim.

E assim íamos trocando com as amigas as revistas que tanto gostávamos de ler.

As leituras da juventude sonhadora não ficava por aqui, outros livros da  “Corin Tellado” ou similares  também se consumiam. 


Porém estas leituras muitas vezes eram censuradas pelos pais então bastas vezes as escondíamos dentro de um qualquer livro de estudos que disfarçava o caso.

Bem sei que havia muito mais e melhor para lermos, mais que não fosse o livro mensal que meu pai assinava  “Selecções do Reader’s Digest”, e que ainda hoje faz as delícias de muita gente, ou os livros dos escritores portugueses mais tarde leitura obrigatória escolar, mas nada nos empolgava como ler um dos outros.

Ah mas ainda havia outra desculpa, eram muito grandes e perdíamos o interesse. Qual nada era mas é o interesse nas personagens de um bom romance.

Enfim, hoje a televisão e as novelas nacionais e importadas correm livremente em todos os canais e só não vê quem não quer ou talvez já não tenha interesse para a juventude que bem jovem já está por dentro de toda a trama, o que já não é novidade para eles.

Pois era assim no meu tempo e tenho saudades daquela vidinha que dava para tudo, conviver , ler, namorar etc.


domingo, 29 de novembro de 2015

Os quadros de honra nas escolas.



http://www.ritaferroalvim.com/2014/07/abaixo-os-quadros-de-honra_7.html#.Vj8xyyHtmko
 Abra o link


Os quadros de honra podem criar bullyng nas escolas....

Após ler este artigo, fez-me lembrar o copo meio cheio e o copo meio vazio.

São opiniões que respeito mas também tenho o direito de ter a minha.

Acho bem que haja algo que incentive os alunos a progredir na escola e não banalizar o método de que todos têm que ser iguais para não haver diferença.

Mas as diferenças existem e sempre irão existir pois há crianças mais interessadas e as menos interessadas, há pais que acompanham os filhos e pais que se estão a marimbar.

Muitos pais chegam a casa e ocupam-se das crianças procurando saber como correu a escola, o que fizeram nesse dia e ajuda-los nos TPC  nem que os mesmos sejam apenas um desenho para pintar.

Outros há no entanto que preferem sentar-se de cerveja na mão em frente ao televisor a ver um qualquer resumo de futebol ou sair para tomar café dizendo que isso cabe á mãe que por sua vez está ocupada com mil tarefas de casa.

Qualquer ser humano gosta de ser incentivado seja de que maneira for, assim sente que tem um papel na sociedade que deve sempre melhorar.

Não é da sociedade portuguesa a história do “quadro de Honra”, em todo o mundo existe este método ou outro parecido para valorizar quem trabalha e quem anda por cá a ver andar os outros.

Cabe aos pais ajudar os que não façam a diferença para os igualar.

Lembro que quando meu filho entrou para a escola inglesa tinha 6 anos, já o livro da escola onde ele aprendeu a juntar as letras, diariamente vinha com uma estrela colada.

Havia-as douradas, prateadas, e azuis.

Por ser português a primeira semana trazia colada no seu livro a estrela azul que significava pouca aprendizagem, o que o deixou com pouca vontade de ir a escola, mas nas semanas seguintes foi alterando e pouco tempo após já trazia as estrelas douradas que corria a mostra-las logo que chegava da escola.

Deveu-se isto a conversa que o pai teve com ele, e assistência diária na escrita e leitura, o que o deixou em pulgas diariamente para apanhar o “autocarro para a escola”.

E assim foi durante toda a vida escolar.


No meu ver é um incentivo à aprendizagem e evolução do aluno a competitividade saudável na aprendizagem que mais tarde será na vida real.



A VELHA MAQUINA DE COSTURA


Ontem fiquei a olhar para a velha máquina de costura de minha mãe.

Quantas historias nela guarda, de tantos e tantos anos companheira das horas vagas, das tardes quentes de outrora.

Recuei muitos anos, quando vim de Africa, em casa da minha avó, na aldeia, no canto da sala junto a sacada virada para a rua, havia uma velha máquina de costura onde ela se sentava nas horas vagas.

Era o tempo de criar sete filhos, uma vida de trabalho na lavoura para que nada faltasse em casa. Meu avô negociante de gado com bastantes terras de cultivo tinha inevitavelmente de ter a ajuda de todos, em casa ficam apenas os mais pequenos aos cuidados da avó velhinha.

Era um amanhecer cedo e um deitar tarde, de inverno e de verão, desde as sementeiras às colheitas num azáfama tal que mal caiam na cama adormeciam.

Mas na sala ficava minha avó sentada à máquina, deitando fundilhos nas calças dos mais pequenos, transformando a roupa dos mais velhos para os mais novos e remendando outra.
Um dia correu no povo que não era bom coser à noite pois aparecia a costureirinha, 
personagem de outro mundo, uma alma penada que faltara ao cumprimento de uma qualquer promessa.

Segundo diversos testemunhos, ouvia-se distintamente o som de uma máquina de costura, das antigas, de pedal, assim como o cortar de uma linha e até mesmo, segundo alguns relatos, o som de uma tesoura a ser pousada. Um trabalho de costura, portanto. O som da máquina de costura a trabalhar podia vir de qualquer parte da casa, como a cozinha, o quarto de dormir, a sala de estar, o sótão, ou até mesmo de alpendres, enfim de qualquer divisão da casa.

Assim deixou a costura nocturna e foi nas tardes que conseguia livres que se sentava à costura.

Eram tempos difíceis, de racionamento de tudo, especialmente do açúcar, azeite, sabão, farinhas etc. e havia que trabalhar para o sustento da casa.

Minha mãe, seguindo ensinamentos aprendidos,  lembro-me de sempre ter havido também lá por casa uma máquina de costura.

Era uma máquina manual que a mãe colocava sobre a mesa e enquanto cosia, rodava a manivela com a mão.

Tempos depois já quando estávamos em Moatize meu pai comprou uma Singer de pedal, linda numa mesa com duas gavetas, uma cabeça elegante com a palavra SINGER em dourado.

Quanta tarde passei sentada no chão a olhar para os pés de minha mãe pedalando sincronizadamente enquanto de suas mãos saiam vestidos para nós.

E pedia que me deixasse sentar nela e coser, parecia tão fácil mas ela não me deixava com medo da agulha não fosse eu picar-me nela.

Mas foi persistindo até que um dia meu pai disse:- Deixa lá a miúda tentar!

A medo lá me sentei, quase meus pés não chegavam ao pedal mas estiquei-me toda e dei os primeiros pontos num pedaço de pano branco.

Senti que naquele momento crescera uns anos, já me sentia poderosa e capaz de avançar para outras habilidades.

E o tempo foi passando, aprendi com a minha mãe a cortar o tecido, alinhavar coser depois ver a obra feita.

E passávamos tardes e tardes juntas na costura fazendo depois os meus vestidos e saias.

Mas queria mais e aprendi a bordar num dos cursos que a Oliva ministrava, e sempre que podia lá estava o sincronizar do pedal com o arco de bordar numas cores vivas e lindas, em panos da louça, toalhas e lençóis.

Nessa altura meu pai comprou uma outra máquina da marca Oliva, eléctrica, com um móvel fechado parecia uma móvel de sala.

Mas a velha maquina Singer ficou lá em casa, era onde eu mais gostava de me sentar e trabalhar, era leve e havia-me habituado a ela até que me casei e um dia me deram mesmo a máquina.

Bolas quantas coisas nela fazia, as roupinhas dos meus filhos, os bordados nos bibes , etc.

Nunca me separei dela e ainda hoje tem um lugar no cantinho lá de casa.

E foi nela que minha filha aprendeu também a coser as roupas das bonecas e mais tarde as suas.

Já tenho outra Singer moderna eléctrica, faz mil pontos diferente, mas jamais me vou separar da minha velhinha Singer companheira de tantos anos.

A máquina de costura da minha avó, ela em vida disse:
-Quando eu morrer esta máquina fica para ti.

Quis a vida que nas partilhas dos herdeiros me não fosse dada a máquina, uma recordação que ficou para trás, mas esta Singer da minha mãe um dia será para a minha filha.





sábado, 14 de novembro de 2015

O ZAMBEZE

O imponente rio Zambeze nasce na Zâmbia, passa por Angola, alarga-se na sua bacia hidrográfica de 150 800 km², dele nascem rios afluentes em todo quadrante sudoeste de Angola, quase beija a fronteira com Botswana, e visita a Zâmbia na sua fronteira com Zimbabwe espalha a suas águas nas cataratas de Victoria com uma extensão de 1708m e uma queda de quase 100metros, as maiores do mundo, entra em Moçambique com toda a sua imponência.

O homem tenta trava-lo com a barragem do Caribe na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabué e a Cahora Bassa, em Moçambique. Estas barragens são uma das maiores fontes de energia eléctrica para a sub-região da África Austral e as suas albufeiras são igualmente palco de importantes pescarias.

Diziam os antigos que nas suas margens havia outro e pedras preciosas.


Em seu leito muitos peixes que alimentavam as gentes por onde passava, também crocodilos, hipopótamos etc.

* imagens da internet

Como me recordo das almadias que logo de madrugada saiam à pesca trazendo o pende amarrado aos molhos com uma “cambala”, e vendiam-no tão fresquinho.

Tive o privilégio de nascer junto às suas margens, ouvindo os sons ora calmos ora fortes na sua passagem, trazendo com ele recados de outros povos, outras terras por onde passou como grande guerreiro de Africa.

Bastas vezes me banhei nas suas aguas, atravessei as sua margens umas vezes a medo outras prazeirosamente.

Quando criança atravessava o rio em barcos rudimentares substituídos depois por barcos com motor.
* imagens da internet

 Fazíamos a travessia, e colocávamos as mãos na água sentindo a sua frescura da mesma sempre seguido de um puxão de orelhas dos pais.

Mas era divertido.

À noite sentada nas escadas do cais  no jardim da alfândega, ele corria manso deixando ouvir o cantar das cigarras enquanto os pirilampos iluminavam a noite.

Era ao fresco que olhávamos para o rio, e para as luzes da outra margem, ou de alguma barcaça que se aventurava naquelas aguas aquela hora.

No tempo das chuvas vinha a corrente forte levava tudo, os peixes os crocodilos os restos de mato que limpava ao passar, e subiam as aguam desordenadas invadindo as margens algumas vezes o jardim.


 imagens da internet

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Colegio S.Jose


Tinha apenas 8 aninhos quando deixei a escola primária do Moatize porque meus pais foram residir para Tete.

Lembro como se fosse hoje, da escolinha e da professora senhora de idade de nome D.Dativa que me ensinou as primeiras letras numa escola de crianças multirraciais que tão bem brincávamos nos recreio.

Pois com pena deixei para trás os coleguinhas e a velha malambeira que fazia sombra às brincadeiras nos intervalos.

Com a mudança ingressei no colégio de freiras da cidade, Colégio de S.Jose de Cluny.


Outro tipo de ensino, outro ambiente e tudo o mais diferente da escola anterior, e como professora uma freira anafada de vestes tais que apenas se via a cara e as mãos, que me deixou apreensiva. Irmã Florência.



Não foram fáceis os primeiros dias numa escola onde não havia por ali a circular só meninos da minha classe mas tantos meninos mais crescidos de todas as classes.

Tudo foi correndo uns dias bem outros assustada pois entre nós havia uma garota mais crescida que todos de nome Leonor que era sempre chamada para nos dar réguadas com a menina-de-cinco-olhos, quando não aprendíamos ou dávamos erros no ditado.

Raras eram as vezes que não ia para casa chorar, não porque tivesse levado réguadas mas assustada com tamanha disciplina.

A sala de aulas era no rés-do-chão do colégio ao lado esquerdo de quem entra, no mesmo corrido da sala de música e do gabinete da madre superiora.

Bastas vezes me perdia divagando ao som do piano senão quando ouvia a cana a bater na minha carteira, que fazia o tinteiro branco redondo de tinta saltar.

Ao intervalo brincávamos no espaço livre em frente a sala de aula, no entanto eu tremia quando da porta do gabinete da madre superiora aparecia a Madre Margarida, simplesmente a olhar para os seus meninos, mas o respeito dava medo.

E foram passando os anos e aquele colégio tornou-se a minha segunda casa, anos após ano foi ali que estudei e aprendi o muito que hoje sei.

Com o tempo as amizades foram-se criando e os medos foram-se perdendo.

Essa liberdade irreverente que muitas vezes deram aso a castigos que cumpríamos à risca mais que não fosse para rapidamente voltarem ao grupinho por sinal não muito bem comportado.

Mas era entre risos de alegria que fazíamos as nossas patifarias.


No primeiro ano que chumbei, de castigo meu pai pôs-me em Vila Pery a estudar como interna, tempo que já relatei tempos atrás.

Mas de nada valeu, apenas uma grande tristeza que se apoderou de mim e de meu pai com esta separação e depressa voltei a Tete ao meu colégio a minha segunda casa.
Regressei  no ano seguinte, era ali o meu lugar, onde encontrei os professores que me dobraram na minha indisciplina. 
Não falando da Irmã Maria que segurava todo o colégio a pulso forte, e um ou outro professor a brincadeira continuava.

Relembro um professor de francês que dava a aula independente do barulho que fazíamos até que um dia desafiamos a sorte jogando à bola durante a aula.

A sala de aula era virada para a frente do colégio junto a varanda da sala dos professores
.
Dr. Patrício mandou-me “fechar a porta por fora” o que queria dizer que ia para a rua. Obediente levantei-me e fechei a porta pela frente, dei a volta pela sala dos professores aquela hora vazia e entrei novamente na aula pela porta lateral que dava para a dita varanda da frente.

O grupinho aliado nas minhas brincadeiras desatou aos risos enquanto sorrateiramente me sentava no meu lugar novamente.

O professor mandou-os calar e nem deu pelo meu retorno à sala de aula.

Fui sempre externa mas numa altura que meus pais se ausentaram da cidade fiquei uma semana ao cuidado do colégio ou seja como interna, e realmente também foi outra aventura.

Após o dormitório estar em silêncio mais uma vez o grupinho de bem comportadas resolveram fazer um pick nic, e carregadas de bolachas e doçarias rastejamos por debaixo da cama e juntamo-nos tentando fazer pouco barulho o que não resultou pois a irmã que tomava conta apareceu de lanterna na mão focando todas as camas a ver o que se passava.

Minutos antes de aparecer todas se enfiaram nas camas mais perto, outras ficaram duas na mesma cama e outras ficaram mesmo debaixo da cama, no maior silêncio, não vendo alteração alguma a irmã retirou-se e la continuamos a paródia.

Enfim muitas cenas destas se passaram naqueles anos, mesmo assim fui boa aluna.

Deixei amizades e parti para a vida ali me separei de todas por imperativo da guerra colonial que nos levou cada uma para seu lado.

Anos depois quando casei naquela igreja mesmo ao lado do colegio onde toda a vida estudei não poderia faltar a foto de familia e nela todas que me acompanharam vida fora.

Ainda hoje Irmã Trindade à epóca bem jovem recordamos o dia em que ela sentada ao orgão da igreja tocou pela primeira vez numa cerimonia de casamento, a minha.


É um orgulho este meu passado.

Voltei um dia a Tete e nas mesmas escadas que tantas recordações tenho fiz questão de tirar uma foto com as alunas actuais.






Meio século depois quando a vida nos separou e criamos novas responsabilidades, viramos mãe de filhos e avó de netos eis que anualmente nos juntamos.


É o nosso dia e vamos passando palavra e cada ano mais e mais colegas aparecem e por horas voltamos á irreverencia dos tempos de juventude, falamos e rimo-nos sem controlo porque acima de tudo aquelas são a família de muitos anos de estudantes.

E eis que aparecem fotos nas páginas de cada uma com um ar de felicidade e cumplicidade que o tempo jamais apagará.

Em todos estes anos apenas faltei a 2 encontros e este último com muita pena deixei de ver colegas que o destino ainda não nos havia juntado.

Que Deus permita que nos juntemos todas por muitos anos.
Até sempre amigas!

(Nota: Algumas fotos do colegio aqui colocadas são partilha de amigos da internet)

sábado, 24 de outubro de 2015

O 88 ºANIVERSARIO


Senhora de todas as faculdades mentais, e com saúde, apenas os joelhos a fazem parar ou diminuir o ritmo de quando em vez.

É do tempo, é da idade mas são os ossos que já estão cansados de tantos andar.

D. Augusta, ou avó Augusta fez 88 primaveras, bela data para festejar

Como gostaria de ter a seu lado os filhos todos e netos, mas a vida nem sempre é como queremos e neste dia só metade da família esteve sentada a mesa.

Já  são tempos passados em que o sábado e domingo era de descanso e reunião de família, hoje nesta vida de correria não deixou que tal acontecesse.

Mas foi lindo o dia mesmo com a chuva a cair, mas dentro de casa no calor da família estiveram parte os netos e as velinhas apagaram-se.

Não sei se foi ela ou a “sócia” que sempre sentada a seu lado e que se péla por apagar as velas de todos os aniversários.

Festejou-se após um belo almoço e pela tarde.

Por fim apenas lamentou não ter tido filhos e netos todos presentes.

Passou mais um ano, talvez para o próximo se juntem todos porque nestas idades nunca se sabe.


Felicidades minha mãe, cá estaremos sempre juntos até que Deus queira.








sábado, 10 de outubro de 2015

Primeiro dia de Aulas





Nasceram ontem, ou foi há mais tempo, para mim o tempo não passou pois ainda sinto aquela sensação maravilhosa de as receber pela primeira vez em meus braços.

Tão pequeninas que eram, quase cabiam nas palmas das duas mãos unidas, como se recebêssemos uma bênção divina.

E foram mesmo, as minhas meninas filhas do meu filho o privilégio que Deus me deu de ser primeiro mãe e depois avó.

A sensação de adormecerem a meu colo junto ao peito numa troca de calor aconchegante de paz e felicidade.

Encheram a nossa vida de alegria, voltei a fase das fraldas, do primeiro dentinho, das historias para dormir, das primeiras letras e dos mimos sem fim.

E cresceram, deixaram de caber nos meus braços, sobrando apenas o colinho onde cabem todos até mesmo crescidos.

Aquele colinho que dou à minha filha quando me visita sentindo aquele calor e cheirinho só dela, passando tempos na conversa, o mesmo onde recebo as minhas netas quando chego a casa e lhes pergunto pelo dia de escola.
Este ano a Margarida entrou no infantário a escolinha que tanto falava por não ter quando via a irmã sair do carro para o colégio.

Aquela pequenita de bibe e mochila na mão a caminhar com um ar soberbo sentindo-se já crescida e dona da vida.

Não chorou, alias nenhuma das duas o fizeram, enfrentaram a nova etapa da vida com coragem e sorriso, corajosas como eu não imaginava.

Fica a recordação do primeiro dia de aulas das minhas meninas. 







domingo, 20 de setembro de 2015

A dança !




Aprendi a dançar, desde muito jovem nos bailaricos de garagem, em casa eu sei lá, mas aprendi e bem.

Como par muitas vezes meu pai, como gostava de dançar com ele.

Sentia que fazia inveja a toda a gente, sentia-me vaidosa bailar com o meu pai como se só eu tivesse esse privilégio.

Ao mexer no meu baú realmente deu-me saudades, estas fotos  diferentes, e voltei no tempo, naquele tempo de menina vaidosa que desfilava pelos salões de baile ao som de um tango ou de uma valsa.





Lembro-me bem esta primeira foto foi quando fiz 18 anos que juntei os amigos todos  em casa como sempre fazíamos, uma mesa coberta de iguarias, doces e salgadas e por fim logo após apagar as velas o gira-discos tocava variadíssimas musicas. 

Foi o tango, na época muito em moda, que abri o baile com ele. 



E encheu-se depois o jardim com todos a dançar.

A outra numa festa do casamento, ao som da valsa a valsa Vienense, como deslizávamos naquele salão quase me via de vestido comprido rodopiando os grandes salões de baile.


Ao olhar estas fotos, por momentos senti que ouvia as mesmas músicas e estava nos braços de meu pai dançando como tantas vezes fazia.

Tenho saudades, meu pai onde estiveres ouve as nossas músicas e dança, dança suavemente como o farias se estivesses hoje aqui comigo.

Até um dia que possamos novamente dançar os dois o tango ou a valsa num magnífico salão celestial 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Azeitonas.



Que saudades eu tenho de comprar um simples quilo de azeitonas na mercearia.

Chegada ao balcão, um sorriso me recebia, e perante a minha solicitação de imediato uma concha de madeira com buracos me trazia azeitonas para que eu pudesse provar.

Havia pretas e verdes e a escolha era de imediato decidida e após dois dedos de conversa lá ia feliz com o saquinho das ditas escolhidas para casa.

Agora nas superfícies comerciais vejo-me perante uma imensa prateleira de frascos e embalagens plásticas que me deixam baralhada e irritada com a decisão a tomar.

Com ou sem caroço, oxidadas, partidas, inteiras, mista retalhada, mista inteira, etc. etc. para não falar nas inúmeras marcas nacionais e estrangeiras.

Bolas, eu só quero azeitonas, pretas ou verdes daquelas colhidas no campo e retalhadas pelas mãos sabidas da nossa gente, mergulhadas em salmoura com louro e rodelas de laranja.

Das que vendem a granel pelos nossos produtores e que tão bem sabem!

Que saudades eu tenho de ir ao pote das azeitonas na casa da minha avó.






sábado, 5 de setembro de 2015

MBIRA talvez.


Hoje acordei ao som estranho de um ritmo cadenciado, sonhei talvez ou quase certo pois já o não ouvia há muitos anos.

Uma figura de costas curvadas, sentado em uma pedra no terreiro da aldeia indígena que rodeava a frondosa sombra da árvore secular onde se reuniam os antigos quando da resolução de alguma lei local ou "milando".

Pois essa figura de "cabedulas" encardidas e camisa já rota sentara-se só tendo entre as mãos um instrumento não muito conhecido pelos Europeus, e fazia a sua música de olhos postos no infinito como se tivesse sido transportado para longe, muito longe dali.

O ritmo era cadenciado mas repetitivo, no entanto melodioso acompanhado pela voz do tocador que mais se assemelhava a um lamento.

E talvez fosse ou apenas a cadência de um viver a que já se acostumara naqueles matos.

E passava horas naquela ausência até que algo ou alguém o interrompesse.

Dei a volta para olha-lo de frente, ver que instrumento emanava tão doce melodia, eis quando ele acorda do seu entorpecer e se levanta rapidamente.

Assustado ou talvez não pois eles sempre o faziam quando algum de nós de aproximava, talvez mais por respeito, ainda hoje não sei.

Pois na mão o tal instrumento, feito por ele mesmo base de madeira e farpas de metal trabalhadas para que emitissem as notas precisas quando o tocassem.

As caricas de laranjadas também ali eram pregadas, pelo motivo de melhor som ou só por “chibante”. A ampliação do som era colocar o instrumento dentro de uma cabaça seca, enquanto tocavam.

Não recordo o nome deste instrumento, mas penso que se chamaria “Mbira”.

Perguntei o que tocava e como mas o seu silêncio levou-me a pensar que não seria ele a tocar mas alguém de outro mundo tal era o seu subconsciente.

Era usual os homens tocarem bastas vezes, sós ou acompanhados quando o tempo lhes tomava a alma e descansavam o corpo.

E pela noite fora, a música misturava-se com o silêncio dos sons do mato e adormecia neste embalo.

Como se toca, não sei mas tenho um instrumento destes pendurado na minha sala.

Dele jamais sairá música alguma mas fica a recordação dos dia e das noites que os ouvia tocar.


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

REFUGIADOS À SUA SORTE

(imagem da internet)

Dói, dói mesmo ver estas imagens, fruto de guerras, desespero e abandonos.

Sim abandono da parte de governantes mundiais que não olham para estes países entregues à sua sorte, gente sem futuro sem esperança sem nada, vítimas de assassinos à solta.

Aventuram-se numa fuga incerta e pouco segura, caminhando desesperadamente para um destino desconhecido, levando na mão seus filhos a quem prometem um amanhã melhor e acabam como se vê.

Que mundo é este Senhor, que países são estes que abandonam os seres humanos a sua sorte e que permitem quem gente má os leve em barcaças frágeis nos meios de mares revoltos.

E os países ditos grandes que numa guerra prestam e imediato ajuda e a estes seres abandonados não acodem.

Porque estes não lhes compram as armas ou os interesses são maiores?

Onde anda a ONU e as organizações humanitárias?


Declaração Universal dos Direitos do Homem
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem;

Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;

Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;

Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declararam resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dento de uma liberdade mais ampla;

Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais;

Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso: 


ARTIGO 1.º
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

ARTIGO 2.º
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. 

ARTIGO 3.º
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 

ARTIGO 4.º
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.
 
ARTIGO 5.º
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 

ARTIGO 6.º
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua personalidade jurídica. 
ARTIGO 7.º
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
ARTIGO 8.º
Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. 

ARTIGO 9.º
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

ARTIGO 10.º
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.

ARTIGO 11.º
1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido. 

ARTIGO 12.º
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei. 

ARTIGO 13.º
1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.

2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país. 

ARTIGO 14.º
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.

2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas. 

ARTIGO 15.º
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade. 

ARTIGO 16.º
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado.

ARTIGO 17.º
1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. 

ARTIGO 18.º
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. 

ARTIGO 19.º
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.  

ARTIGO 20.º
1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 

ARTIGO 21.º
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicos do seu país.
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto. 

ARTIGO 22.º
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país. 

ARTIGO 23.º
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para a defesa dos seus interesses. 

ARTIGO 24.º
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas. 

ARTIGO 25.º
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma protecção social. 

ARTIGO 26.º
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos. 

ARTIGO 27.º
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

ARTIGO 28.º
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciados na presente Declaração. 

ARTIGO 29.º
1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas. 

ARTIGO 30.º
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

Fonte: ONU

Onde andam eles?