Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

domingo, 8 de março de 2015

DIA INTERNACIONAL DA MULHER



 43 Mulheres mortas pelos maridos, companheiros, em 2014.
 Seis mulheres mortas este ano.
Falemos de nós em Portugal

E as outras, que não aparecem nas estatísticas, as escondidas por vergonha?

As ameaçadas, as que se seguram pelo medo ou  pelos filhos que tanto amam?

Desde que nascem são descriminadas nas brincadeiras na liberdade porque são meninas!

Esses seres que fazem a mesma luta que o homem crescem estudam e trabalham iguais ou melhores que eles, mas que nunca são remuneradas igualmente.

A mulher que gera um filho em seu ventre durante nove meses cuida dele toda a vida e sempre a trabalhar, e ainda cuida do seu carrasco.

Mulheres sem horário, em casa e no emprego, e à noite cai cansada na cama para poucas horas após tudo recomeçar.

Não tem fins-de-semana nem feriados.

Em troca carregam a violência psicológica diariamente, essa violência que não se vê mas que doí.

As que parecem felizes, e a seu lado tem o homem que por debaixo da mesa lhe toca na perna para que se cale, abre os olhos em sinal de reprovação ou lhe aperta o braço arrastando-a em frente de todos mas com um cínico sorriso parecendo que a está acariciar.

As que são controladas no que escrevem e nos amigos que tem nas redes sociais, ou porque cumprimentam alguém que ele não quer.

O insulto, a imposição do querer do companheiro, o medo a revolta vai-se instalando pouco a pouco e anula-as, levando-as a uma submissão tal que mais não são que escravas.

Não saem sem ele que caminha à frente e ela atrás carregando os filhos ou as compras, que fica no passeio a espera que ele acabe a cervejola dentro do bar onde descansado conversa com os amigos, ou simplesmente não saem à rua.

Estas não estão nas estatísticas acima, no entanto são aos milhares que ninguém vê.

Para ti Maria de Portugal:


Maria acorda, levanta-se cedo
Ainda mal o sol raiava
Arrasta os pés nas velhas chinelas
Corre que corre e acorda as crianças.
Enfia o vestido, estica o cabelo
Grita pelos miúdos que mal despertaram
Estende a roupa, prepara o almoço.
Corre como os minutos das horas!
Sai  apressada, deixa-os na escola
Apanha o transporte até ao emprego
Labuta todo dia, mal comida e cansada.
Toca a sirene, saí desenfreada.
Passa na escola traz os miúdos
Entra na mercearia compra o arroz
Corre para casa faz o jantar,
Deita os filhos que choram de birra
Chega o homem já meio esquinado,
Chama-lhe nomes dá-lhe pancada
Janta já frio só e calada
Acaba o seu dia totalmente esgotada!

 (flordeacacia)