Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

quarta-feira, 20 de março de 2019

MOCAMBIQUE HOJE

MOÇAMBIQUE






Hoje é o dia da Felicidade , dizem os entendidos, no entanto não comungo desta opinião.

Nem eu e certamente muito dos que tem no peito um coração e não uma pedra.

A felicidade não é apenas e só o sentimento que a devem do amor a um companheiro ou a coisas pessoais, é uma estado de espírito que abrange toda uma vida.

Pessoalmente todos os dias agradeço a Deus a família que tenho, o meu marido os meus filhos seus conjugues e netos. Pois sou uma feliz arda com a minha gente, adoro-os e mais não quero que o amor que nos une a todos, bem como o pão nosso de cada dia.

Mas a felicidade no meu coração não é apenas isto, abrange muito mais e por isso hoje não estou feliz.

Como posso estar feliz perante a desgraça dos outros?

Não não estou feliz mas sim muito TRISTE.


Como uma pessoa se pode sentir feliz no dia de hoje quando os meus irmãos de Moçambique sofrem atrozmente com a tempestade que assolou o país?



Pensem bem, quem nasceu como eu em terras de África onde, ai sim, fui imensamente feliz onde comprovei 30 anos após ter deixado a minha terra, pode sentir-se feliz nos dias de hoje?

Eu brinquei com eles, andei na escola, sentei-me a roda da fogueira onde a panela do feijão fervia em cima de quatro pedras, embalei bebés recém-nascidos no meu colo, ensinei a ler os moanas filhos do cozinheiro, eram meus irmãos.

Tenho o privilegio de ter amigos que me foram informando diariamente das situação dessas gentes, partilhei algumas fotos com os amigos e informações que ia recebendo.

Milhares de pessoas sem teto à chuva e ao frio com os filhos nos braços e cima de árvores e nos telhados das casas vendo as aguas a subir e apenas eles e Deus?

Como me sinto feliz se soube que dezenas de bebes morreram nos berçários e muitas mães internadas para parir os seus filhos, acabaram por morrer também com a tempestade e as aguas inundando tudo?

E as palhotas(casas rudimentares em África) que em situação normal acolhia uma família durante anos e foram levadas pelo temporal como folhas de papel?






Meu Deus o sofrimento desta gente sem tecto sem comida sem local seguro que os salve?

É caso para dizer, e as crianças senhor, porque lhes dás tanta dor?

A cidade da Beira, que era linda com umas praias fantásticas que recordo de tantas vezes lá ir, está completamente destruída, foram os telhados, as estruturas de pavilhões as árvores tudo do avesso?

E a chuva continua, sem dó nem piedade e as gentes desprotegidas as crianças à fome , sede e frio porque não tem ligações a parte alguma.

As «machambas» lindas, prestes a dar o milho, tudo destruído.

Aquela zona era o celeiro de Moçambique.

Penso nos tempos próximos, a fome espreita e certamente a cólera a malária e outras doenças comuns a situações destas, chegarão.

Que Deus olhe por estas gente que tanto precisam dele.
Se fosse mais perto, lá estaria a ajudar aquela gente, mas espero sinceramente que tudo que dão para estas gentes lhes cheguem às mãos que bem precisam.

Que Deus castigue aqueles que desviem qualquer bem em proveito próprio ou deixem em armazém apodrecendo tudo aquilo que poderá agasalhar ou matar a fome a uma pessoa.