Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A Casa Colonial



Eram casas grandes ou pequenas já nem sei mas tinham uma varanda a toda a volta, larga por onde o vento fresco se passeava enxotando o calor que o sol tórrido  teimava atingir nas paredes interiores.

Ao centro de planta simples dividiam-se em quatros  os quartos de dormir e as salas.

Espaçosas cada uma com sua utilidade, a sala de jantar onde uma enorme mesa com muitas cadeiras compunham o centro e num dos lados um imenso aparador onde se guardava a louça domingueira.

Sobre o aparador um naperon em renda de linha mui fina feito ponto a ponto ao serão a luz fraca da lâmpada do tecto ou ate mesmo de um petromax, um relógio antigo, uma jarra de flores .

Na outra sala, dita de visitas uns caldeirões de madeira onde se exibia lindos almofadões de chita garrida que amortecia o corpo de quem ali se sentasse.

Um gira discos antigo móvel bonito ao seu tempo. Dentro os vinis com as mais lindas musicas e de outro lado o prato onde rolariam enchendo a sala de melodias que adormeciam a alma.

Uma estante de umbila feita pelo carpinteiro da aldeia, onde alinhados os livros já velhos de tantas vezes serem lidos, acompanhavam noutra prateleira as minúsculas figuras da aldeia indígena que havia em todos os lares em África.

Um banco alto onde uma planta verdejante emprestava uma frescura à sala.

O chão de cimento vermelho brilhante, que para o efeito havia sido queimado com cimento fino misturado com um corante apropriado, compunha a beleza do local.

Para lá de um dos lados da varanda a cozinha, grande como nenhuma, e uma dispensa .

Na dispensa rodeada de prateleiras, armazenavam bens alimentares, os azeites, as massas o arroz que se comprava aos sacos de cinquenta quilos que se distribuiria depois por garrafões de vidro grandes e selados com cera, o açúcar as conservas etc.

Na cozinha bancas de cimento, na parede um gradeamento onde o aluminio  das panelas brilhavam de ter sido esfregadas com cinza pelo "mufana"  (ajudante de cozinheiro),e o fogão de lenha que dava aquele gostinho especial à comida.

E o calor teimava aquecer a casa, que pela manha mantinha as janelas abertas aproveitando a frescura matinal mas depois cerradas ficando numa penumbra que mantinha o fresco.

A varanda, onde alguns vasos de plantas espalhados faziam a delicia da dona de casa, enfeitavam o local onde cadeiras de lona verde convidavam ao relaxe do fim de tarde, era basta vezes molhada com mangueiradas de agua refrescando assim toda a casa.

Mas era ao cair da tarde que uma brisa fresca invadia o local era nessas cadeiras que os senhores se estendiam de cerveja gelada na mão numa conversa amena enquanto ouviam do velho transístor as noticias e as musicas da época.







E caía a noite, os mosquitos invadiam o território do descanso num zumbir incomodativo mas a frescura da cacimba que caía colava-os as cadeiras e passavam pelo sono, um sono gostoso interrompido pelos sons da noite e pelo movimento constante num tentar afastar a única coisa que incomodava naquele praseiroso descanso.