Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 22 de março de 2014

Envelhecer !


Devo estar a ficar velha.

Sim, porque dizem que só os velhos se emocionam por tudo e nada.

Realmente é raro ver uma pessoa idosa que não verta uma lágrima quando lhe lembram algo maravilhoso que o tenha marcado na sua vida.

Normalmente param o olhar num qualquer ponto longínquo como que procurando esse tempo que passou, numa expressão seria, nostálgica e abanando a cabeça devagar  proferem palavras baixinho como que um choro escondido enquanto seus olhos humedecem com aquela lagrima de saudade.

Acontece sempre que recordam coisas do passado que mesmo menos boas as julgam melhores que as presentes.

Talvez porque a vida lhes reservou o afastamento de pessoas que tenham tempo para conversar com eles, os deixem de lado por estar fora do contexto actual, ignorando toda a sabedoria que eles adquiriram ao longo dos anos  vividos.

E eles que tanto tem que contar sobre eles mesmo, dos seus amigos, amores, alegrias filhos, terras, viagens etc. ninguém os houve, e passam os dias sentados e sós, como algo imprestável.

Mas são seres vividos, com uma experiência que talvez nós mesmo jamais a venhamos ter. Mas menosprezam essas pessoas até que se chega á mesma idade deles e aí fazemos exactamente o mesmo que eles hoje fazem, recordar o passado com nostalgia.

Todos trilhamos o mesmo caminho.

E não é que estou a começar a recordar o meu passado com uma imensa nostalgia, com uma saudade de quem amei e partiu, e com uma tristeza de não ter tido tempo de os valorizar mais?

Verdade é que comecei a seleccionar os verdadeiros amigos, a idade esta a ensinar-me exactamente isso, separar os amigos dos conhecidos, e com tristeza verifico que restam poucos dos que tenho conhecido pela vida fora.

Mas esses que ficam são “GOLD” como dizem nos dias de hoje, são os que me ligam perguntam por mim, fazem questão de nos juntarmos para almoçar ou mesmo tomar um café, nunca recusam um convite, perguntam pela minha mãe, recordam coisas boas dos tempos de meninos, e rimo-nos ou choramos juntos.




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Olhando para esta foto, fiz o mesmo que os velhos fazem, veio aquela lagrima de saudade aos olhos, relembrei esse tempo feliz, uma passagem de ano com gente linda, bem vestida perfumada (quase sinto o cheiro de lavanda destes meninos), alegres e sempre presentes na minha vida.

Estes amigos partiram longe de mim, não estive presente no último Adeus, mas tive-os sempre comigo em vida.

Lembro os dias que as nossas famílias se encontravam, os imenso telefonemas recebidos apenas para conversarmos, os queixumes nas horas menos boas, e num repente partiram, deixando uma saudade imensa, para apenas olharem para mim la do alto.

Estão certamente com o meu pai, noutra vida olhando por todos nós.

Reparo bem o ar feliz de todos nós, oh que saudades!