Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 5 de outubro de 2019

A VIAGEM DE FORD





Partira de madrugada na velha carrinha Ford que já cansada de tanto trabalhar por vezes recusava-se a andar.

Era a primeira vez que fazia esta viagem, ele e um amigo sentado a seu lado que seria o informador da viagem, uma espécie de copiloto mas ao que parecia sabia tanto quanto o motorista .

De quando em vez lá paravam em alguma cantina para «mijar» e esticar as pernas.
Claro que sempre dava para deitar fora dois dedos de conversa enquanto iam saboreando uma cerveja e deitando conversa fora .

Os quilómetros passavam enquanto o sol ia caindo a pique e o calor apertava, já quase não aguentavam a temperatura dentro do carro.

Param debaixo de uma sombra à beira da estrada, tiram a camisa ficando apenas com a camisola interior cujas cavas já quase chegavam à cintura mas que os aliviavam um pouco o calor.

Molham a boca na agua no saco de lona pendurado á frente do carro como todos usavam, pois diriam que a agua era fresca com o deslocar do carro.

As estradas de terra não ajudavam muito pois a velocidade era cuidadosamente calculada em função da mesma.

Sorte na ser na estação das chuvas que com  matope seria bem diferente

Pela frente apenas a imagem de longas rectas de terra vermelha de onde se via subir as ondas de calor, e parecia não ter fim.

Lá pela noitinha chegavam ao destino, partidos, encalorados, e qualquer sitio para tomar um banho e cair numa cama era uma bênção dos céus.

Mas não sem antes jantarem e limparem a garganta do pó da viagem com mais umas «Manicas».

No dia seguinte seria o regresso já com a carga que foram buscar mas passando as mesmas torturas da viagem anterior.

Africa sempre Africa que deixa tantas saudades.