Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

OS GALÃS DA EPOCA





Era um galã em 1942, aliás os galãs quase todos são desse tempo que se vestiam bem usavam o seu fato branco, cabelo impecável com a brilhantina ou chapéu na cabeça.

Ao domingo desfilavam entre o mulherio de vestido rodado, armado com um saiote próprio por debaixo deles, salto alto e algumas também de chapéu, não fosse aquele sol africano queimar-lhes o rosto.

Elas que ficava estéricas, ao vê-los passar colocando a malinha de mão à frente da boca lá saía o cochicho chamando atenção à amiga ou gabando tão elegantes figuras enquanto baixava os olhos como que resguardando-se das más línguas .

E eles todos vaidosos juntavam-se em grupinhos tentando no meio da confusão conseguir chegar à conversa com elas.

O mesmo acontecia nos bailes que tinham que pedir licença aos pais para com elas dançarem, e após consentimento puxavam do lenço imaculado e cheiroso,colocavam em sua mão onde iria pousar a de menina. Talvez por uma questão respeito ou para preservar da transpiração. No fim da dança levavam-nas à mesa e numa vénia retiravam-se.

E toda esta divagação apenas porque olho para a foto de meu pai desse tempo e a imaginação leva-me a escrever.

No fundo do tal Baú imaginário, encontrei a boquilha que ele usava quando fumava.

É de prata e ponta de marfim. 

Lembro-me quando ele a abria e enrolava o filtro em volta de um perno que depois entrava na boquilha onde ficava retido toda a nicotina do cigarro. Usava-a sempre enquanto fumou.

AÍ vinha também o estilo, como segurar o cigarro, após tirara-lo da cigarreira, a maneira de lançar o fumo que dele extraia até mesmo a classe com que acendia com ao isqueiros a gasolina prateado e de torcida.

Era todo um conjunto que marcava a categoria do cavalheiro.

Aqui está a  foto, na pose de fumante, e a outra de frente de chapéu alinhado e lacinho.

É a foto de um verdadeiro cavalheiro da época e que continuou a se-lo até que subiu aos céus.

Este galã, era meu pai, e como adoro estas fotos e o homem que sempre foi.