Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 24 de junho de 2017

S.JOÃO




Hoje é dia de S.João, por Viseu neste momento desfilam as "CAVALHADAS" ou seja um enorme desfile de 28 carros artisticamente decorados, tradicionais ou não, ranchos folclóricos, bandas filarmónicas, desfile de cavalos e cavaleiros, enfim digamos que é a festa do ano depois da Feira de S.Mateus.

É uma tradição com 385 anos.

Impossível transitar em Viseu pois a ruas são encerradas mas mesmo assim o povo enche aos milhares o Rossio e outros lugares por onde o cortejo passa.

Sinceramente não é festa que me faça estar debaixo do sol horas a fio, com os bombos e bandas num barulho infernal.

Não me cativa talvez por não estar habituada de pequena a estas confusões.

Na minha cidade neste dia havia sim uma quermesse que ladeava um espaço aberto onde se dançava ao som da banda convidada.

Divertido sem dúvida a festa porque esperávamos todo o ano até porque era ao ar livre debaixo dum céu estrelado.

Um dia alguém iluminado resolve que nesse ano também se faria uma marcha, um desfile de arcos e balões e "quase" vestidos a preceito.

Ora cada arco deveria ir com o nome do bairro que representava, coisa que nunca existiu na cidade era precisamente nome de bairros, logo havia que inventar conforme calhava.

Assim desfilou a juventude naqueles propósitos encontrados para que a marcha se fizesse pela 1ª vez numa cidade africana dos quais os naturais nunca ouviram falar.

A meio da festa havia o momento dos leilões, do que cada um pudesse oferecer, revertendo a favor de uma qualquer instituição de que já me não lembra.

Meu pai para não fugir à tradição deu para leiloar um S.João, comprado por tuta e meia numa das barracas da festa.

Quando chegou o momento de o leiloar, fez-se um bom dinheiro apesar de acabar por ser rematado por meu pai.


A imagem de que falo entrou na minha casa nessa noite e quase meio século depois, após tantos trambolhões nos caixotes dos retornados e mudanças de casa, ainda se mantém cá em casa, em lugar de destaque apesar de já lhe faltar os dois dedos da mão direita.


E viva o S.João.!


quarta-feira, 21 de junho de 2017

Coleman


Não quero nem vou falar do inferno causados pelos fogos que por mão criminosas, matou tanta gente e ainda continua tudo arder.

Mas recordo sim aquelas queimadas da minha terra que há noite se via no horizonte, la longe, baixinhas queimando apenas mato rasteiro para depois receber parte do milho que o povo se sustentava, deixava qualquer um num êxtase apreciando a beleza do momento.

Na verdade este ano o calor assemelha-se ao da nossa terra, um calor seco e duro que nem o descanso da noite nos deixa ter.

Como não dá para andar na rua após determinada hora, hoje deu-me para dar voltas a um canto onde estão ainda algumas coisas vindas da nossa terra, arrumadas por serem completamente desnecessárias neste clima Europeu de fraca temperatura.

Ao desembrulhar uma delas, dei com um termo de agua gelada , um "Coleman", não sei se ainda se lembraram deles que terá nada mais que cinquenta anos ou talvez mais.

Quase me vieram as lágrimas aos olhos, tantas vezes utilizado naquelas terras do copo de agua gelada, que estava sempre á mão e nos deliciava a qualquer hora.

Um grande companheiro de viagens e das saídas ao domingo para os pic nic com os amigos.

Bolas, quase me abracei a ele, por tantas recordações me trazer.

Diria que substituiu o saco de lona pendurado á frente dos carros e que todos usavam naqueles matos por onde andavam.

Lavei-o bem lavado por dentro e por fora, depois deitei gelo para dentro  das couvetes  cá de casa acabando de enche-lo com agua..

Ainda pensei que iria fazer um lago na cozinha pois após tanto tempo poderia estar ressequido, partido ou já sem serventia alguma.

Vitoriosamente foi recebendo tudo que lhe fazia carinhosamente e trabalhou perfeitamente.

O Coleman nem sei se ainda se fabrica, mas este apesar da tinta já ter algumas falhas, o que não admira após as voltas que deu, funciona perfeitamente.

Já agora quer um copo de agua fresca?



domingo, 18 de junho de 2017

VANIA SANTOS

Olá estrelinha linda do universo.

Se não tivesses partido nessa tua viagem infinita, hoje de tarde estarias certamente bela como sempre foste, junto a piscina da tua querida tia Paula, aproveitando o refrescar destes dias que tem sido infernais, um calor nunca sentido, rodeada da família e dos amigos, e sei que eram muitos.

Tu como sempre bem aperaltada linda nesse teu sorriso que não consigo esquecer, abraçando todos os convidados que traziam alegria as tardes desse dia.

Pois apesar de tudo ser passado, e já não ter sentido algum festejar esse dia em que vieste ao mundo, passaste a ter outro dia o da tua partida, nessa tão longa viagem, que tão cedo iniciaste.

Será nessa data que certamente todos se juntarão e recordar-te.

Para onde foste estás em paz, e de vestido branco a cor que tanto gostavas, esvoaçando por entre as nuvens, olhas para nós com o mesmo sorriso inesquecível.

Não te preocupes se vires alguém com uma lágrima teimosa em cair, é saudade do teu sorriso.

Hoje domingo na missa vou enviar-te uma oração saída do meu coração aberto ao amor que sempre senti por ti, pois é a maneira mais simples de comunicar com a minha menina linda.

Até um dia destes quando Deus me chamar, procurarei ficar perto de ti para te dar muitos beijinhos e continues feliz na Santa Paz do Senhor.

Continua olhando para nós sentada naquela estrelinha brilhante que vejo da janela do meu quarto, para à noite eu te entregar a minha oração que todas as noite rezo por ti .

Beijinhos Vânia até um dia.