Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 12 de dezembro de 2015

Fotonovelas !




Antigamente (quase pareço meu pai quando ao fresco da tarde recordando algo do passado) começava assim:

Uma ocasião…

Pois mas ontem sentada ao serão em frente ao televisor enquanto minha mãe via a novela da noite eu lia um livro que teimo em não ter tempo para o acabar apesar de bastante interessante, e pensei nas horas que hoje perdem a ver histórias de amor, traição etc.

Percebo que são programas que por um tempo nos abstrai da vida real, enquanto o tempo vai correndo e passa o serão.

Noutros tempos era passado sentados à fresca na noite estrelada conversando uns com os outros ou com algum vizinho que se aproximava para passar um tempinho connosco.

Mas na verdade estas histórias que nos adormecem os sentidos por momentos também existiam, e faziam-nos sonhar pelo menos às jovens românticas.

Eram as fotonovelas, revistas compradas semanalmente na Papelaria da terra, que eram devoradas à hora da sesta enquanto o calor apertava e os ares condicionados refrescavam o ambiente na sua máxima força.

Folhas cheias de imagens aos quadradinhos com “legendas” escritas narravam inúmeros romances com todos “ingredientes” de que faz parte uma boa história de amor.

Pior era quando no fim da folha aparecia a palavra “continua”, o que queria dizer, compra a próxima revista se queres ver o fim.

E assim íamos trocando com as amigas as revistas que tanto gostávamos de ler.

As leituras da juventude sonhadora não ficava por aqui, outros livros da  “Corin Tellado” ou similares  também se consumiam. 


Porém estas leituras muitas vezes eram censuradas pelos pais então bastas vezes as escondíamos dentro de um qualquer livro de estudos que disfarçava o caso.

Bem sei que havia muito mais e melhor para lermos, mais que não fosse o livro mensal que meu pai assinava  “Selecções do Reader’s Digest”, e que ainda hoje faz as delícias de muita gente, ou os livros dos escritores portugueses mais tarde leitura obrigatória escolar, mas nada nos empolgava como ler um dos outros.

Ah mas ainda havia outra desculpa, eram muito grandes e perdíamos o interesse. Qual nada era mas é o interesse nas personagens de um bom romance.

Enfim, hoje a televisão e as novelas nacionais e importadas correm livremente em todos os canais e só não vê quem não quer ou talvez já não tenha interesse para a juventude que bem jovem já está por dentro de toda a trama, o que já não é novidade para eles.

Pois era assim no meu tempo e tenho saudades daquela vidinha que dava para tudo, conviver , ler, namorar etc.