Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sexta-feira, 2 de junho de 2017

CRIANÇAS DEVOLVIDAS ?


ESTA CRIANÇA NUNCA FOI ABANDONADA NEM DEVOLVIDA
Vivo num bairro não muito citadino mas mais chegados ás pessoas simples do campo francas umas, outras ainda aplicando aquelas expressões insultuosas de chamar “vaca” a uma mulher que se porta mal ou outros adjectivos normais em Portugal.
Já nem ligo a essas discussão pois por vezes quando o calor aperta e o tinto refresca acontece estes insultos etc.
Na sua vida normal diária tratam os seus animais como se fossem família, arranjando por vezes mães adotiva para algum animal que tenha perdido a mãe.
Há dias vi uma vaca que ao dar a luz acabou por morrer ficando o filhote só sem poder alimentar-se sem o leitinho da mãe e o destino seria a morte.
A dona com toda a paciência arranjou uma mãe adotiva e ela aceitou o filhote de outrem e dava gosto vê-lo sorver esfaimado o leite adotivo. Visto isto fiquei sem saber se chamar “vaca” alguém seria insulto ou não.
Uma galinha a quem cuidadosamente lhe colocaram 7 pintainhos que a mãe rejeitara e aceitou junta-los aos seus criando uma catrefada de biquinhos famintos a quem ensinou tudo sobre a vida do galináceo.
Engraçado como os animais irracionais, também adotam filhos e os criam como se fossem seus.
Espanta-me no entanto não, direi que me espanta e revoltou-me ver ontem em todos os noticiários que 46 crianças adotadas tenham sido devolvidas a procedência.
Meu Deus, para adoptar uma criança há casais que esperam anos para poder ter nos braços uma tenra criatura e dar o amor que a vida lhe não deixou ter o privilegio de gerar e parir umas criança.
Diz o povo parir é dor criar é amor!
Porque será que estes enegrúmenos tiveram-nos um ano em casa e agora devolvem-nos?
Já doí uma criança vir ao mundo sem pedir, normalmente para serem adoptadas levam anos em estudo das famílias adoptantes e acontece isto.
Digam-me por favor, quando os levaram não tinha o coração aberto para os receber, embalar passar noites em claro, e tudo mais que eles precisam, porque os pediram?
Ou devolveram-nos porque as ferias estão aí, mas levam com eles os animais de estimação.
Na verdade também há muitos abandonados nesta época, mas as crianças não são um brinquedo muito menos um animal de estimação.
Meus Deus se os animais aceitam criar filhos que não seu seus porque razão os humanos fazem destas?
Tenho pena mas muita de não saber caso a caso o porquê destas devoluções que algumas já haviam esquecido donde vieram, e aprenderam amar a nova família.
E fazer uma lei sobre estes casos, que tal , será que só se fazem lei para os cães?
Na falta das mesmas, aplique-se esta lei dos cães, e as crianças bem precisam.

Como diz “mas as crianças Senhor porque lhes dai tanta dor”

terça-feira, 30 de maio de 2017

MATA BORRAO

Quem disse que a tristeza não mata?

Mata sim, devagarzinho pé ante pé se instala de dia ou de noite .

De dia saí lampeira em forma de lágrimas muitas vezes contidas, engolidas pondo os olhos, talvez por castigo a olhar para uma rosa e apenas ver os espinhos quando na ponta uma linda flor emana o perfume e suas pétalas linda cor.

Á noite la esta ela instalada nos mais lugrubes pensamentos e nada combate este modo de estar.

Passam as horas como que desejando que a noite passe depressa e nasçam rapidamente os raios de sol.

É repete-se esta situação vezes sem conta, como que deixando de ser ela que está no seu corpo que não consegue controlar, mas outro alguém que a baralha o pensamento e se instalou em seu corpo.

Olha os outros como seres de outro mundo, apenas se sentem bem entre quatro paredes escondidos em si mesmo olhando pela janela de cortinas corridas aguardando nem ela sabe o quê.

E as horas vão passando, definhando dia a dia, se por um acaso encontra alguém representa escondida por detrás de um esgar parecendo um sorriso e fala pouco, pois a sua vontade é voltar ao seu canto do quarto.

Abre álbuns de fotos mas não os desfolheis, estaticamente fixa uma foto qualquer e corre-lhe as lágrimas sem ninguém saber o porque do olhar parado nessa foto, mas ao longo dos dias as fotos eram sempre diferentes, era de locais ou alguém do passado.

Encharca-se de medicamento que o medico receitou quando a muito custo alguém a leva á uma consulta, mas isso apenas lhe dá um sono que não passa dum torpor de dia e de noite.

E vai definhando, aos poucos vai deixando o seu canto no quarto para de deitar confundindo a noite com o dia, talvez pelos medicamentos que toma.

Até que um dia ouvem saindo de seu quarto uma musica baixinho que roda no seu vinil, e alegria da família, não a quer incomodar até que acabam as musicas e apenas ouvem o som da agulha que chegara ao fim.

Dirigem-se ao quarto saber o que se passava ou até virar o disco supostamente por ser do agrado dela.

Sobre o leito um corpo definhado ao longo do tempo estava inerte, vestida como se fora a uma festa e na mão apenas um papel despedindo-se, com as palavras “Vou tentar ser Feliz”

Essa tristeza que ninguém soube porquê, mas matou.