Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 9 de setembro de 2017

ERA ASSIM A VIDA EM AFRICA


Foi há muitos anos, anos de felicidade de jovens colonos que chegaram a terras de África desconhecendo tudo, os usos e costumes, jovens que saíram da Metropole para se juntarem aos maridos, algumas após um casamento por procuração, conhecendo os maridos apenas quando chegaram junto deles após 30 dias de navio.

Em redor mato, apenas mato sem ninguém conhecido nem amigas, e aos poucos foram-se conhecendo. Trocavam segredos, aprenderam a tratar dos filhos sem que ninguém as ensinasse, algumas tinham inclusive os filhos em casa, umas com as outras foram-se apoiando para conseguirem vencer os dias solitários e desconhecidos que tiveram.

Ao domingo juntavam-se, sempre de olhos nos pequenos iam trocando ensinamentos de costura, malha, crochet que lhes fazia companhia nos tempos livres da semana, enquanto punham a conversa em dia.

E eram amigas, diria mesmo como irmãs apesar de pertencer cada uma a seu canto do mundo.

Olhando para mais esta foto que encontrei no meu baú, recordo todos tal foi o tempo que durou esta amizade, e alguns de nós ainda nos vemos de quando em vez, mais pena tenho de alguns que já partiram apesar de tão novos.

A D.Gina Seiça, ainda sem filhos, mais tarde minha vizinha no Moatize, bastava atravessar a linha do comboio e la estava eu.
A minha mãe segurando a minha irmã e em frente a ela eu com duas trancinhas e dois laçarotes no cabelo.

Depois a D.Carolina Cravo, onde eu me encontrava sempre que desaparecia de casa ao ponto de certo dia montar a mota do marido e ela cair-me em cima. Mas adorava brincar com as 2 filhas que tinha.

A seguir a minha madrinha Mimi Costa tendo ao colo o mais novo Carlitos e as filhas que estão a meu lado Esquerdo a Susete e do lado direito a Odete. Falta aqui o Fernando e a Marilia que estariam a brincar ou longe dali para não aparecer na foto.

Reparo no sorriso de todas, felizes lutadoras que viviam longe de tudo mas fizeram vida.

O tempo encarregou-se de as separar, ficando no Zobué apenas a minha madrinha as outras três foram morar para Moatize, que na altura tambem era meia dúzia de casas da Companhia Carbonifera e outra meia dúzia no Moatize centro.

A vida que estas mulheres levaram em constante mudança com os filhos atrás sempre começando nova vida e sempre se sorriso aberto.

O destino também colocou as três como vizinhas em Moatize, teve o cuidado de as proteger deixando que não se separassem, até aprenderem a voar cada uma para seu lado.

Tempos difíceis, no inicio da vida, e que todas recordam com saudade, estas e outras mulheres de garra que agarraram o futuro com unhas e dentes.


Era a vida em Africa.

Nota: Ainda há filhos destas senhoras espalhados por ai, espero ter dado aqui uma foto das mães para recordarem.