Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 27 de julho de 2013

Resposta a uma amiga


Minha querida amiga

Vou aqui responder ao teu telefonema:

Tete era uma cidade muito quente, mas talvez não da temperatura do ar porque por cá as temperaturas idênticas não são tão quentes, mas talvez porque a ela se juntasse o calor imenso das amizades.

Também nunca ninguém se queixou tanto assim porque sabia bem os fins de tarde nas esplanadas a conversar aproveitando a brisa fresca que fazia, ou também o ar condicionado do Cine S.Tiago ou do Cine Estúdio 333 enquanto rodava um filme qualquer interessante ou não para muitos que aproveitavam a namorar “no escurinho do cinema” como bem diz Roberto Carlos.

Recordando mais calmamente também não era muito arborizado, o que havia eram as acácias enormes dos jardins públicos e as que ladeavam a avenida, ali postas também para mitigar o calor de quem por ali andava a pé

Fora disso as acácias, as malambeiras e os matos que circundavam a cidade onde o povo se deitava á sombra esperando o calor passar.


 photo Fotografia0864_zpsa79236cd.jpg

Nos quintais sim, havia imensas árvores de fruto. No meu tinha goiabeiras, ateiras, laranjeiras, figueiras e uma enorme parreira que cobria o carro do sol quente.

E eram doces os frutos que davam, tínhamos tudo  á mão todo o ano quase incomodavam pelo excesso pois caiam ao chão o que deixava um forte cheiro a azedo nada agradável.

Mas ainda me cresce água na boca lembrar o gosto doce das goiabas vermelhinhas por dentro, talvez por isto fazíamos o tão falado doce de goiaba ou marmelada que cobria as fatias de pão cozido na padaria Flor de Tete, á hora do lanche.

Ahh ia-me esquecendo das enormes maçaniqueiras que além da maçanica docinha faziam uma sombra fantástica. Curiosamente foi do cimo de uma que virada para a avenida em frente de minha casa, onde “catrapisquei” o furriel que hoje é o meu marido.

A cidade cresceu muito nos últimos anos, muitos bairros foram crescendo onde lindos chalés com piscina faziam o orgulho de seus donos.

A vivenda do Sr.Borges da Soel, do Sr. Ribeiro da Socote, do Sr. Cunha dos Cristos Luscos, e muitas mais quase lado a lado num bairro que cresceu para lá da avenida quase em frente da minha casa.

Por de trás do velho hotel Silva onde por fim se transformou em quartel nasceram também casas lindas numa rua calma, e nova.

A casa dos Limedes, do Prof.Gonzaga, dos Mendes Batista etc.

Para o lado da chamada “temba” as construções também cresceram, rodearam a escola Comercial ao lado da cada do Sr. Bispo, D.Felix de Nisa Ribeiro e ao lado da casa da Clarinha Oliveira.

Assim identifico tudo porque assim me lembra delas ligadas aos nomes das minhas grandes amizades.

Havia um prédio com papelarias, peixaria, padaria. Ainda lá estão e visitei-os com outro comércio mas bastou-me fechar os olhos e ver tudo como era de antes até as mesmas pessoas.

A avenida principal que quase acabava na casa do velho Jasso Correia da Silva, para os mais velhos, rompeu até ao estremo onde construíram a “catedral” de Tete.


 photo catedraldetete_zpsbc635553.jpg


Está do mesmo modo, imponente esperando os fiéis ao domingo, só já não está ao lado, o café Zambe onde paravam os cavalheiros á espera do fim da missa.

Por de trás da catedral, outro bairro cresceu onde morava Augusto Santos, Violante Figueiredo, Lucílio Gomes e tantos outros.

Afinal Tete era mesmo grande, em território, em vivendas, em gentes e amigos.

Após tantos anos reergueu-se e cresce novamente.

Quem sabe um dia não vou ver tudo como está como é hoje!