Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

CERIMONIAS DE AFRICA


imagem da internet


Muita gente se admira com a morosidade de se efectuar o funeral de alguém em AFRICA.
Recordo os batuques daquelas terras longínquas, quando pela noite rasgavam o silêncio.

Gritos lancinantes abadados pelas cadências dos tambores e o gesticular dos braços e o bater dos pés no chão que rodopiavam em redor da fogueira.

Escorria-lhes o suor pelos peitos que pendiam caídos cobertos de pó que se ia levantando pelo patinhar no batuque.

E toda a noite corria a dor nas veias e no corpo, enquanto rodava a caneca do pombe ou outra bebida alcoólica que lhes turvava a cabeça.

Já pela manha, o som foi-se esvaindo, apenas a porta da palhota onde jazia o morto, ainda havia gente sentada chorando baixinho, talvez pelo cansaço da noite ou pelas lagrimas esgotadas.

Dali sairia numa tarimba de paus, o corpo enrolado numa capulana, em direcção ao buraco que havia sido aberto junto a arvora dos espíritos num local que se dizia santo.

Findo o funeral antes mesmo de o descansar dos acontecimentos, ali se sentavam os parentes para decidir dos bens do falecido e da mulher que ficara viúva.

Pouco ou nada fora deixado mas como responsáveis ali estavam para cumprir ou fazer cumprir os seus costumes.

Á morte do marido há as cerimonia para a união entre o irmão do falecido e a viúva.

Restantes bens passam para seu herdeiros neste caso, filhos e irmãos mais novos.

As cerimónias são presididas pelo curandeiro e as mulheres mais velhas da família.

Levam semanas com muitas regras e proibições até que se libertem de todas para que não haja maldições a cair no futuro.

Afinal as gentes evoluem e estudam, ficam doutores mas quando morrem apesar de não darem nas vistas a base do luto é a mesma, cerimonias dias e dias até que considerem que o morto poderá descansar em paz.

Africa no seu todo!







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