Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A “msuaia” (formiga) voadora

Naquela noite chuviscava, cheirava a terra molhada mas os calores sufocantes mantinham-se.
Sentado numa cadeira de lona, na varanda que circunda toda a casa de estilo colonial, com o transístor a pilhas entre as mãos vai ouvindo as notícias da RSA.
Só assim se consegue saber a novidade que nas rádios locais não passavam.
Muda de estação e deixa que a música ligeira o acompanhe pela noite fora, discos pedidos mensagens de amor ou outras, enviadas nas entrelinhas das letras  musicais.
Na rua mesmo em frente o poste de iluminação da rua enche-se se uma imensa nuvem de insectos.
A “msuaia” (formiga) voadora, sai do chão voando por todo o lado. Correm os meninos para a apanharem, e com as suas mãozinhas pequenas e risos estridentes tentam ver qual o que mais consegue meter no saco.
Uns pegando nas asas levam-nas a boca como petisco delicioso, outros esperam para as colocarem numa chapa quente em cima do fogo, que as deixa torradinhas. Entre risos e outros ruídos desaparecem na noite.
Os mosquitos invadem a sua paz, pega na velha toalha que traz sempre ao pescoço para ensopar o suor e tenta afasta-los para longe.
Continuam no entanto a rodea-lo, acalmam-no os ruídos da noite, aqueles que só em África se ouvem e que nos embalam o descanso .
Recolhe-se, mas faz calor apesar da chuva e a casa está quente, opta por se esticar no velho burro de campanha de lona verde já surrada de tantas vezes receberem seu corpo cansado.
Um fresco lençol cobre-o, fecha os olhos e adormece, embalado ainda pela musica do velho transístor, que colocara por perto, e com um imenso sorriso de felicidade ao som da sua Africa, esse paraíso sonhado, porque cedo ira amanhecer o novo dia.

  

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