Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

OUTRA DAS NOSSAS FESTAS

Depois da nossa festa, recordei outra de tempos idos.

Basta meter a mão na caixinha de recordações.
Desta vez um pedaço de papel já amarelecido pelo tempo, ainda escrito nas velhas maquina de escrever, ultrapassadas pela tecnologia moderna, mas que marcaram uma época, trazem á memoria a organização de uma festa de despedida do Governador Craveiro Lopes quando da passagem por Tete.
Se bem se pensou melhor se organizou.
De iniciativa do Eng.Pires de Carvalho com o Sec. Osório deitaram mãos a obra.
Contactaram o Alagoa, o poeta da época para que declamasse um poema da autoria do Sr. Osorio. Procurei esse poema para aqui o recordar, não encontrei mas apenas sei que acabava com a frase “E cumpriu”.
Duas singelas palavras que tudo dizia, pela voz de um povo que já tinha saudades da partida.
Foi uma azáfama, havia que recrutar os artistas, organizar a festa, definir o local.
Participante na iniciativa o Sr.Guerra da Alfandega, decidiu logo que o ideal seria no jardim mesmo ali em frente a beira-rio, afinal era verdejante bem tratado, fresco, o que compunha parte do cenário que se prendia inesquecível.
Começa os preparativos, gambiarras de luzes coloridas, montadas “in loco” pelo Bolinhas, eram colocadas em todas as árvores, enquanto outros tratavam da instalação do som etc.
O Palco foi montado ao centro do jardim, e uma enorme mesa foi disposta ao longo e paralela ao muro que dava para o rio.
Participavam todos, gratuitamente com um prazer próprio dos Xamwares Nhungwés.
O programa artístico estava completo, a apresentação a cargo de Herberto de Andrade e Prof. Carlos Almeida, Jograis poesia, musica interpretada pelo Rodolfo, vocalista do conjunto musical da terra, os fados de Coimbra com Dr. Paz á guitarra (uma revelação para mim habituada a velo de estetoscópio na mão), a cereja em cima do bolo, a participação de suas netas, Cândida no fado e Maria João na canção ligueira.
O recinto foi vedado para privacidade dos convidados e a noite de festa chegou.
Inesquecível o desfile de toilettes das senhoras de braço dado com seus cavalheiros “espartilhados” dentro dos seus fatos de casaco e gravata, e se dirigiam á mesa do buffet, servido pelo hotel Zambeze, com criados de farda de festa, que numa azafama trocavam os copos e serviam os “mezungos”.
Era inúmeras as pessoas que se juntaram junto a vedação para “fungular” (ver) o que se passava dentro do jardim.
Pasmavam com tudo, jamais se havia feito algo assim o que deixava de olhos esbugalhados todos, mais ainda os “ mwanas”.
De seguida o espectáculo começara e antes de terminar e após um pequeno discurso, o fogo-de-artifício cruza os céus num espectáculo nunca visto naquelas terras africanas.
Mais bonito, e que ainda hoje me faz rir, o desarvorar dos residentes e das gentes autóctones que assustados fugiram do local em pânico total.
Recomposta a situação, pela noite fora continuou o baile abrilhantado pelo conjunto Alvorada.












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