Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

domingo, 28 de outubro de 2012

ERA UMA VEZ UMA FOTÓGRAFA

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Contam os antigos, que Africa era a terra dos desenrasca, todos sabiam fazer tudo, talvez porque a necessidade a isso obrigasse.

Havia um bar na cidade que todos conheciam, fazendo esquina em frente á loja Karamchand, distinta alfaiataria e o jardim da cidade, do outro lado a Repartição de finanças da urbe.

Era conhecido pelo ponto de encontro das gentes que gostavam de uma “taça” (vinho) ou uma cerveja gelada fora daquele ambiente mais fino dos cafés da altura, não falando dos matraquilhos onde se realizava grandes competições.

O proprietário havia enviuvado e ficara com dois filhos, um casal de pequenitos e resolvera casar novamente, o que o faz mandar vir a nova esposa de Portugal.

Senhora bem apresentada, não encontrara na cidade, o que imaginara, mas pega a vida pelos cornos e vai á luta.

Fazia de tudo, geria o bar, todo o pessoal e o cozinheiro pois servia comidas,
Uma vida de trabalhos.

Nada era impossível para ela, e uma das actividades que tinha era a fotografia, pois á época ninguém o fazia e elas eram necessárias para os Bilhetes de identidade e outros documentos.

Eu mesmo tirei lá algumas, que escondo bem no fundo de uma gaveta de tão bonita ter ficado.

Na verdade, não saiam muito boas mas na falta de melhor nada havia a fazer.

Com isto juntava mais umas “quinhentas”, que ajudavam ao pé de meia que fazia, e que deu mais tarde para educar a filha que nascera desta união e hoje uma senhora doutora.
  
Um dia um mwana desejoso de mandar umas fotografias á  família que vivia no Wanduzi resolveu tirar uma, dirigiu-se á D. Mariquinhas, logo o atendeu.

Como era apanágio da "Casa de Fotografia" o mwna foi aperaltado com camisa, gravata e casaco, que dava para todos que la fossem ficar mais “chibantes”

Tirou o retrato, e o mwana foi informado que deveria voltar 8 dias depois tempo que levava a revelar as fotos.


Passado esse tempo, vaidoso o mwana voltou á  Casa da Fotografia, que pagou, recebeu a fotos e resolveu aprecia-las.


Com os olhos esbugalhados torceu o nariz e olhou para a Sra. Fotógrafa.


-Mwana, não gostaste? Perguntou a Viúva. 

-Shii patroa, estes fotografias estar mali!


-Mas porquê? Perguntou a viúva.


-Senhora, eu tirar as fotografias mas não trazer chapéu! Respondeu o mwna, muito aflito e incrédulo.


-Oh mananbwa! Tu não vês que o chapéu é sagwate? Respondeu a experiente fotógrafa.


Lá foi o Mwana embora, satisfeitíssimo por ter ganho um chapéu o qual faria inveja os seus familiares.


·        Mananbwa- insulto
·        Sagwate- brinde/ oferta


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