Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

quarta-feira, 1 de julho de 2015

A MÃE DE AGUA DE TETE




Pois fico triste claro.!

Amo a minha cidade, Tete em Moçambique, apesar de pequena era para mim linda e continua a ser.

Quando há poucos anos a visitei, tive a sensação que não havia passado trinta anos que a deixara mas que apenas me havia ausentado uns dias.

Os mesmos rostos de sorriso aberto me receberam, as portas das casas abriram-se para mim, estive sentada a mesa com amigos de infância onde saboreamos o belo cabrito e o peixe pende grelhado como manda a tradição acompanhado do achar de limão curado dias a fio na janela da cozinha.

Oh gostinhos bons!

Aproveitei também para revisitar os cantinhos onde na minha juventude me escondia para os namoros secretos, o primeiro beijo ou puxar as primeiras "bafordas" dum LM o que estava na moda.

Só não subi á torre da velhinha igreja por estar fechada, mas por ali eu e algumas colegas nos refugiávamos para fugir as aulas ou outra palermice qualquer, O certo é que era poiso preferido da malta que ali se sentava ao fresco junto aos enormes sinos, ainda por cima enchemos  de versos e poemas o campanário branquinho e só não continuamos por lá pois uma manhã apanhamos o maior susto quando ouvimos o “bufar” de corujas que se encontravam escondidas num ninho.

Pois bem, ali para os lados da mãe de Agua, também por ali se passou bons tempos quando o rio ia vazio ou cheio, quando o emboque de carros se fazia mesmo ali ao lado, de onde chegavam as berliets cheias de magalas que chegavam da metrópole, etc. etc.

Pois toda aquela zona do jardim do rio ou chamado também jardim da alfândega, com acácias sombrias, relvado e bancos também nos acolhia na conversa aos intervalos das aulas.

Era aqui que também assistíamos a chegada das canhoneiras, que se faziam as festas de despedidas e chegadas dos governadores etc.

Pois quando la estive, como atrás dizia vi que a mãe de água parecia ter-se deslocado para o meio do rio, mas o que acontecera foi somente o rio que encolheu e o seu leito deixou de ter aquela correnteza que no tempo das chuvas metia medo levando tudo a frente que encontrava pelo caminho.

Mas imponente lá estava ela só rodeada de espaço como rainha do pedaço de chão que a envolvia.

Hoje vi uma foto dela, pintadinha é verdade mas já não funciona para o fim que foi criada e prenderam-na com um muro resvés á sua estrutura virada para as machambas em redor cheias de milho verde mas também perigo dos jacarés que já tem feito vítimas nas margens.


Não gostei de não terem preservado aquela obra que deveria ser um ex libris da cidade, mas continuo a olhar para ela com imenso carinho enquanto à memória me chegam passagens de tempos felizes, com um fundo azul do Zambeze e a velha ponte.

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