Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sexta-feira, 3 de julho de 2015

O POR DO SOL


Um dia destes falei da mãe de água, hoje encontrei esta foto de um lindíssimo por do sol em Tete.

Ora bem serei a menos indicada para o dizer porque para mim tudo naquela terra é lindo, e mais uma vez recordou-me a minha vivência naquela cidade.

Tínhamos lá para o lado do matadouro antes do aviário da família Nunes Pereira, um armazém que mais tarde foi alugado para oficina ao Sr. Guerra que a mulher trabalhava na Marisqueira ali mesmo quase ao centro da General Bettencourt em frente às obras Públicas, por sinal também ao lado do prédio do meu pai onde estavam instalados vários serviços entre eles os escritórios onde começou Cahora Bassa.

Mas isto é outra história!

Ora era habito á tardinha dar o passei dos tristes para aqueles lados onde também estava a machamba dos Aguiares etc. fugindo ao calor do alcatrão.

Á época havia casado há pouco tempo e era para ali que fugíamos com um velho Volkswagen  baptizado por “leão da estrada” que estacionávamos á beira-rio ao fresco das sombras das acácias e outras árvores que por ali cresciam livremente.

E lá estavam as mulheres junto ao rio, dentro de água com seus filhotes e grandes bacias de roupa, inclinadas sobre uma pedra lisa lavando-a enquanto á sua volta as suas crianças brincavam.

Eram muitas, falavam alto seguido muitas vezes de gargalhadas espontâneas ou reprimenda às crianças que nas brincadeiras de excediam.

Quase sincronizados eram os movimentos do esfregar com sabão azul a roupa, erguerem-se e baixarem-se batendo com ela na pedra, enxaguando de seguida e atirada já limpinha para dentro da bacia.

Afligia-me aquelas crianças dentro de água aos saltos nas brincadeiras pois temia que algum jacaré se aproximasse o que já não seria a primeira vez infelizmente.

Ao fim da tarefa da roupa, pegavam nos “muanitas” por um braço e lavavam-nos cobrindo-os de uma espuma que os punha a espernear. Depois limpavam-nos na capulana, sentavam-se na beira do rio enquanto eles sugavam os peitos magros de leite.

E por ali estavam até o sol cair, quando em carreirinho regressavam as suas palhotas com as bacias á cabeça num equilíbrio total e pela mão os filhos de "cabedulas" (calção)  caminhavam e nas costas os mais pequenitos.

E recorda-me ver cair o sol e apreciar as silhuetas delas caminhando num fundo glamoroso que é o por do sol da minha terra.

Esta imagem no entanto é de outro ângulo da cidade pois ao fundo penso ver a ilha do Canhimbe.

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