Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

segunda-feira, 28 de maio de 2018

ALMOÇO EM FATIMA



Foto de Maria Alagoa.

Fátima /Prof.Jesus


Posso não ter 1 euro na carteira, posso viver na província, enfrentar muitas vicissitudes da vida, mas tudo passa quando me falam em encontrar pessoas que fazem parte do meu passado.

palavras que me colocam noutra galaxica é encontros com gente da minha vida anterior.

Sim porque cheguei a conclusão que tenho a minha vida dividida em duas etapas, a primeira vivida em terras para alem mar que me fez muito feliz, tive uma família fantástica até que formei a minha própria família numa felicidade enorme, tive amigos que eram reais, aqueles amigos que poderei dizer mesmo que eram como família pois não havia festa ou desgosto que não tivesse um braço que me conformavam, ou juntos festejávamos.

Foi uma vida que recordo com imensa saudade e me toca muitíssimo quando meio século passado, as encontro sem esperar, sem deixarem de ser quem foram anteriormente.


Depois a segunda etapa da vida, vivida após um imenso turbilhão a que fomos obrigados, e que todos nós já conhecemos.

É dessa vida passada que vou falar porque é dessa vida que recordo sempre com um sorriso ou gargalhada quando me recordo ou recordam algumas passagens e sinto que passo a ser outra pessoa tão diferente da de hoje, mesmo após as rugas já espreitarem o canto dos olhos e os netos já nos alegrarem os dias.

Contam-se pelos dedos de uma mão os almoços e reuniões das gentes desse tempo que faltei.
Alguns, dado o tempo que já passou ou seja nada mais nem menos que meio século, alguns já tropegos não faltam a juntar-se e recordar tempos passados.

Tudo isto para recordar um almoço desta vez de uma companhia militar que esteve destacada em Tete, de onde se espalhavam pelas terras e aldeias em redor da cidade defendendo-nos de uma guerra que existiu, onde morreram muitos jovens militares que ficaram em cemitérios hoje cheios de capim quase desaparecidos naqueles matos, onde deixaram uma vida em prol de uma guerra inglória e esquecidos pelos governos que já passaram.

Acompanhei meu marido a um desses almoços anuais, como tantos que por ai as gentes do outro lado do mundo teima em fazer para nunca esquecerem uma vida vivida juntos em escolas, colégios, cidades etc.

Este era de militares a que ele pertenceu também, e juntaram mais de 120 pessoas.

Aos poucos, apesar de pessoalmente nunca ter sido militar, fui conhecendo uma ou outra pessoa que por lá passaram e chegaram a ser professores no colégio onde estudávamos.

A idade e do tempo já passado, frente a frente não me conhecerem, apenas depois de me identificar uma luzinha na memoria se lhes acendeu e todos os anos passados vieram ao presente.

Só meus professores da altura encontrei 3 pessoas, a professora de francês Dr. Maria dos Anjos Cipriano, Dr. Vera Jardim professor de Historia, e Prof. Jesus da disciplina de desenho.

Como recordamos alegremente aqueles tempos. 

Bastou dizer o meu nome e em cima de mim caiu um chorrilho de historias passadas comigo mesmo, pelo meu “bom comportamento” da época.

E rimos, rimos muito, procuraram por muitos colegas alunos à época, mais aqueles que melhor se comportavam à altura.

Imagine-se o Prof. Jesus recordar-se de uma “patifaria” minha em que sinceramente hoje reconheço não ser a mais bem comportada, e que atribuo a culpa a alegria que enchia a minha alma e a minha alegria do coração, ou seja ser a cómica da sala de aula.

Contava ele que numa aula em que já estaria cansado de me chamar atenção, se chega junto a mim e me pergunta se não tinha vergonha de ser tão mal comportada, ao que eu rapidamente respondi:

Doutor, vergonha eu tenho, mas coloquei numa folha de couve, veio uma cabra e comeu!

Foi gargalhada total porque realmente eu era mesmo assim mas boa aluna era o que me valia.

Só o Prof. Gonzaga me endireitou, e a Irmã Maria que Deus os tenha.



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