Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

PARABENS LUIZINHA


Foi há uns anos, a 6 de Dezembro, gorda e inchada, meti-me num avião alugado em direção a Salisbury, ex Rhodesia onde tinha marcada uma cesariana para o dia 10 Dezembro , mesmo dia que o meu mais velho havia nascido em 1970.

Viagem fantástica, piloto simpático, chegada ao destino, prioritariamente dar a volta ás lojas todas da cidade, ver as novidades, a moda que chegava primeiro ali só depois a Tete, uma corrida cansativa mas estava feliz, no fim do dia a consulta com o médico que me havia de operar,
Dr. Lamprech excelente médico, observou-me e confirmou a data da operação para dia 10 como sempre combinado.

Fiquei em casa de amigos, jantamos, conversamos e fui deitar-me, fazendo planos para o dia seguinte, pois não tivera tempo de visitar tudo que queria.

Noite fora após o primeiro sono foram voltas e mais voltas com umas dores estranhas pois nunca pensei que fosse nascer o bebé.

Chamo por ajuda , ao que me respondem:
-Dorme que isso passa, foi de tanto andar.

Levantei-me e fui para a sala, as dores aumentavam enquanto fazia contas dos dias que faltavam para o acontecimento.

Não deu mais, fui ao quarto e disse o que se passava e com a determinação de que se não me levassem à maternidade chamava um táxi e ia sozinha.

Não sei quanto tempo demorou todos acordar apenas sei que num instante estava a porta da maternidade, onde logo fiquei .

A enfermeira telefona ao médico informando que eu dera entrada, e ele não acreditou pois horas antes havia estado comigo.

A apressadinha da menina não quis esperar e bateu à porta antes da hora marcada, sem ninguém contar e pela manhã já se ouvia o seu vozeirão pelos corredores e em todo lado.

It´s a girl! It´s a girl!

Diziam elas a toda a gente.

Sinceramente não estava muito acordada pois a anestesia da operação fazia-me um sono enorme.

Quando à tarde me puseram aquele embrulhinho nos braços, para a primeira “refeição” foi como se me dessem o melhor e maior presente do mundo.

Pequenita, refilona, com imenso cabelo, esperta, de olhinhos escuros, olhando para todo o lado como se quisesse descobrir o mundo.
.
Foi há uns anos, mas ou meus braços cresceram ou ela não cresceu, porque continua aninhar-se no meu colo, como quando nasceu, e eu enche-la de beijos
.
Ninguém sabe o que sente uma mãe com os braços cheios dos filhos aninhados como se fossem sempre pequenitos.

A vida corre e como os passarinhos, voaram, esvaziaram os espaço que sempre ocuparam nos meus braços, para dar o lugar aos netos.

Mas para a minha menina continua em aberto o lugar onde se enrola e me abraça sempre que vem a casa.

Hoje o dia é teu, e a vaidade é minha, por seres quem és, linda, lutadora, e muito amada.

Parabéns minha menina, minha lutadora desta vida que construíste sozinha,com coragem e sempre feliz.




Sem comentários: