Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

domingo, 25 de agosto de 2013

CICLO DE VIDA

 photo Homemverdade-RuiPires_zps894efa6a.jpg
imagem da internet



Há uns anos os meninos sonhavam sair da terra, estudar nas capitais e serem doutores.
Andavam pelos campos com os pais, agarrados á enxada sujos de terra pois a isso eram obrigados, pela quantidade de terras que possuiam e porque eram o meio de subsitência familiar



Depois veio a caixinha mágica que os faziam sonhar mais alto, partir da terra, servir um qualquer patrão ou como jogador da bola, o importante era sair das “berças” e ter outro modo de vida.



Sonhavam passear ao domingo pelas ruas da cidade,  vestidos com roupa lavada e cabelo puxado pela brilhantina, mostrarem-se as  meninas lindas



Trabalhar num qualquer patrão que lhes pagasse certinho ao fim de semana ou do mês, mas ter a nota na algibeira coisa que nunca havia tido.



Outros tirando um curso que seria o orgulho dos pais que cortavam a tudo para os fazer doutores.



A ajuda á decisão chegou, com a entrada na CEE que mandaram que muitos arrancassem as vinhas, e pomares que deixassem a terra a troco de dinheiro.



Parou tudo mesmo a agricultura de subsistência e os campos morreram, e mais rápido saíram da aldeia.



Lá partiram, uns para a “estranja” outros para as capitais.



Com os anos passa haver mais doutores que aqueles que percebem duma boa lavra no campo cuidar duma sementeira ou outro qualquer trabalho do campo, e este foram desaparecendo até virarem mato de giestas e pinheiros.



Os mais velhos por ali se esforçam para tirar o sustento do dia-a-dia mas já lhes falta as forças para cultivar tudo que possuem.



O interior foi desertificando e onde se viam grandes campos de cultivo, passou a paisagem de enormes eucaliptais ou matas de pinheiros, abandonados pela falta de mão-de-obra para os limpar.



E vem o fogo que tudo leva, acabando por deixar mais pobres os que teimaram em ficar na terra.



Os anos passaram e chega o desemprego aperta para todos, e muitos regressam as origens.



A  começar do zero, voltam ás terras dos antepassados e iniciam uma nova vida a que chamam ”novos projecto”, e até lá vai a televisão fazer reportagens, onde se dizem felizes com grandes expectativas futuras.



O que antigamente lutaram para ser doutores na cidade agora lutam para voltar aos campos e serem agricultores na terra.



E é de lá que conseguem levantar cabeça e ter qualidade de vida, campo para os filhos correrem, e paz de espirito.



Hoje é ver as famílias e não só que se instalam por este interior fazendo-se á vida e com pouca vontade de regressar á cidade.



Outros que emigraram, chegam cheios de brios, armar em ricos mas pensando em voltar rapido logo paguem a casita que construiram na aldeia, e partem sempre de lagrima caindo das saudades do seu canto.
 
São ciclos de vidas que envolve muitos sentimentos de tristeza, frustração, e alegria.
 
 



Sem comentários: