Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

terça-feira, 3 de outubro de 2017

O TABULEIRO DE BORBOLETAS


Margarida minha neta corria ontem atrás de uma borboleta branca que voava no jardim, apesar de na mãozinha ter uma rede apropriada nunca apanhava nenhuma.

Vendo-a correr aos gritinhos quando mais rápido que ela a borboleta se esquivava veio-me a lembrança meus velhos tempos.

África, sempre África, também eu adorava ver as borboletas mas apenas isso, apreciar as suas corres maravilhosa que formavam desenhos fantásticos nas asa, poisando aqui e ali.

Eram muitas de todas as cores, um regalo, apreciar a beleza voando em redor das flores e cruzando-se umas e outras como se se exibissem só para mim.

Havia no entanto quem as apanhasse e colocava-as a secar espetadas com um alfinete numa folha de cartão, matando-as pelo belo prazer de as coleccionar.

Achava um crime,  por vezes vinham as lágrimas aos olhos sem perceber o porque deste actos malvados, e fazia barulho correndo pelo jardim para que aqueles homens de fato branco colonial , capacete na cabeça, e redes em punho as não apanhassem.

Acontece que um dia entrei numa sala de jantar e sobre o louceiro, estava um tabuleiro de madeira, e asas de marfim, decorado primorosamente com borboletas lindas vistosas coloridas, protegidas por um vidro.

Encostei-me ao móvel, de braços cruzados sobre meu queixo, olhando perplexa para aquela obra prima, vistosa, colorida, linda logo à primeira vista.

Nesse instante na minha cabecinha fez-se um nó pois achavas lindas voando livremente pelo jardim mas também ali expostas com uma pujança fantástica me agradava.

Não tem conta as vezes que entrava e saía daquela sala sem que fosse apreciar o tabuleiro das borboletas mortas.

Passaram anos, muitos mesmo e jamais esqueci aquele quadrado de madeira com asas de marfim, que sempre me maravilhava,até que um dia destes perguntei a uma herdeira dos bens quando da morte de seus pais, pelo fim dessa obra prima.

Com imensa tristeza soube que as borboletas haviam desaparecido e o tabuleiro largado a um canto das coisas velhas sem interesse.

Fiquei triste pois durante todos estes anos na minha mente continuavam esplendorosas enfeitando um qualquer móvel lá de casa, afinal restava apenas a madeira de vidro já partido largado a um canto, abandonado , triste e velho.

Chamei a Margarida e pedi-lhe que corresse sim atrás das borboletas mas não as apanhasse pois elas tinham uma missão a cumprir e se as apanhasse ficavam tristes e morriam.

Um dia perceberá o porque das minhas palavras talvez até, atravéz desta historia de vida que aqui acabo de contar.




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