Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

segunda-feira, 12 de junho de 2017

BRINQUEDOS DA MINHA TERRA


Há muitos, muitos anos ,lá para os lados de umas terras africanas a qual poderei chamar a minha terra, havia muitas crianças brincando pelas ruas da cidade.

Deliciava-me olhar da minha varanda e ouvir os gritinhos e gargalhadas deles a correr e a brincar.

Uma das coisas com as quais me deliciava, era ver os carrinhos de arame feitos de desperdícios, tais como arames e latas de refrigerantes fazendo corridas rua abaixo com uma ligação as mãos para os conduzir.

Eram verdadeiros artistas, aproveitavam tudo, desde arames que moldavam o carro ate as rodas com tampos de refrigerantes ou apara mais estilo usavam os topos das latas de coca cola.
Outro dia eram os aros de rodas das bicicletas,que com um pequeno artefacto manual os guiavam para onde criam.

Tinham uma energia fantástica e após passarem por mim e dizer “bom dia senhora” me parecia que mais “gincanas faziam”.

Eram tantas as invenções que os levava a viver uma vida ao ar livre, vestidas apenas de “cabdula” , muitas vezes encardidas e rasgadas, mas não fazia mal era por se sentarem em qualquer lado numa sombra onde faziam a meta ou descansavam aproveitando para afinar as maquinas.

Tinham umas caritas de reguilas como qualquer outra criança do mundo, e sentiam-se felizes.

Um dia reparei que ficava sempre para trás um pequenote com um carrinho feito toscamente e de cara sempre triste.


No dia seguinte, arranjei um daqueles carros de entre os meus  brinquedos arrumados a um canto, vermelho “five star”, e dei-lhe na esperança de que ele gostasse e ganhasse a tal corrida.aqueles olhitos duplicaram de tamanho, parou de imediato a brincadeira e todos o rodearam para apreciar tal “preciosidade” que nunca lhe tinha passado pelas mãos.

No dia seguinte na corrida levava o mesmo carro de sempre, ao que perguntei a razão de não armar em fino com o carro que lhe havia dado, respondendo:

Xi senhora, é bonito demais para estas corridas, ficou em casa escondido para eu brincar sozinho e não estragar.

Agora, os outros meninos,  deixaram de dizer o bom dia ao passar por minha casa deixou-me encabulada, tinha que pensar como havia de resolver o problema-

Fui ao mercado e comprei um saco de suites, daqueles as riscas vermelhas e brancas e passei a dar um quando eles passavam.

Já o sorriso e a saudação regressaram e por debaixo de uma acácia frondosa que tínhamos mesmo ao virar da nossa rua, passou a ser o ponto de paragem para que saboreassem o suite e depois lá´ seguiam como bandos de xiricos cantantes.



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