Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Que fizeram de ti meu rio?

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foto da internet


Que fizeram de ti meu rio?

Cortaram-te as forças la para os lados de Cahora Bassa, prenderam-te as águas que corriam livremente em leito largo e volumoso.

Contigo levavas tudo, os peixes os crocodilos os restos de mato que limpavas ao passar, e já perto das cidades como que dizendo adeus as populações abrandavas um pouco.

Via-te numa grande extensão mas onde te apreciava mais era na zona do jardim Alfandega.

Bem no local onde antigamente atracava a canhoneira, havia lateralmente umas escadas e bastas vezes me sentava, ora para te ver ora para namorar.

O local era lindo e aprazível, talvez do fresco que trazias, e as gentes que deixavas cruzar de uma margem para outra.

No início os velhos batelões depois os mais modernos.

O velho Lino que arrumava os carros naquele espaço pequeno que mais parecia cair ao rio.

As barcaças dos pescadores e o barcos a motor que cruzavam as tuas águas levando gentes da terra.

Como me recordo das almadias que logo de madrugada saiam á pesca trazendo o pende amarrado aos molhos com uma “cambala”, e vendiam-no tão fresquinho.

Verdade é que de quando em vez por maroteira empurravas para lá do percurso estipulado por eles, o que lhes davas um grande susto.

Quando preguiçavas deixavas que aparecessem os bancos de areia que quase dava para se passar a pé até a ilha do Canhimbe.

E era nas tuas margens que na época assentou arraias um bar bem animado “o bar do China”, onde a tardinha se estendiam nas cadeiras em amena conversa de cerveja gelada na mão e petiscos na mesa.

E caia o sol, muitos se estendiam pela noite fora.

Mas tudo isto enquanto tu deixavas, porque bastas vezes estendeste os teus braços e tudo levaste.

Mas agora, passa triste, já não chegas a mãe d’agua nem a beira do cais do jardim.

Pobre Zambeze parece tão triste!


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