Jacarandas
Anda
uma luta forte e feia dentro da minha alma.
Há
uns anos uns milhões de Portugueses, emigraram para um país
calmo, doce, farto maravilhoso , porque aqui em Portugal era o que se
sabe, miséria, trabalho por um naco de pão seco , filhos descalços
e roupa rota, casas de pedra no inverno geladas, escolaridade pouca
ou nenhuma, uma luta pela sobrevivência.
Fizeram
a sua vida com a mesma força com que a faziam em Portugal, mas viam
nas mãos num mês o que ganhavam na terrinha num ano.
Mas
não foi tudo um mar de rosas, sabe Deus ao que foram, o que tiveram
que fazer para sobreviver em terras desconhecidas, com doenças que
os deitavam por terra muitos desterrados no meio do mato onde só
viam macacos e os pássaros cantar,
Foram
anos de luta, enterraram toda uma vida naquelas terras, nasceram e
criaram os filhos, e já velhos esquecidos da miséria que deixaram
para vivirem felizes na terra que passou a ser a sua Pátria.
Anos depois viram gente a morrer numa
guerra que poderia ser diferente, uma fuga obrigatória, novamente
aos primórdios dos anos de suas vidas com a diferença que já muito
do que deixaram ter desaparecido.
Chamaram-nos
de RETORNADOS.
Muitos
não eram nem nunca foram pois nasceram e sempre viveram lá sem cá
nunca por os pés.
Em
Africa, deixaram casas recheadas de tudo, quintais com árvores de
fruto, empregos, investimentos etc que faziam daquele país a sua
terra.
“Fugiram”
para onde pensavam refazer a sua vida, países vizinhos, pensando
ser um outro futuro sem voltar as casas de pedra escura e fria e ao
esforço de tirar da terra apenas o que dava para sobreviver.
Sim
porque em Portugal também não havia nem há empregos e ganha-se uma miséria,
sendo a saída como emigrante, e mais uma aventura.
Correram
todos os países de Africa onde viveram muitos anos, mas mais tarde
tiveram que sair ou digamos fugir dum governo facínora com um povo
que apenas queria o que era dos brancos para depois nada fazerem com
o que roubavam.
Mataram-se
“farmeiro” a sangue frio, roubavam-nos do que novamente tiveram
que construir ao ponto de ficarem sem nada e andarem nas ruas a
pedir.
Invadem-se
casas para roubarem, violarem e matar os donos.
Uma
tristeza sem fim, até quando só Deus sabe.
Pior
ainda é excepção à regra, aqueles que com o retorno no 25 de
Abril por obra e graça de uma qualquer sorte, terem feito vida
melhor que por aquelas terras e hoje se preciso for dar a mão a um
desempregado conhecido das aventuras anteriores lhes fecharem as
portas e até mesmo deixarem de os cumprimentar.
Que
Portugueses somos nós, que pedimos para tudo e para todos, quando a
nós mesmos numa fila eterna o IARN nos meteram 5.000$00 na mão e
mandaram-nos à vida?
Hoje
os “refugiados” que chegam á nossa terra, espera-os um
apartamento mobilado e um determinado valor mensal para sobreviverem,
até organizar a vida ou seja aprender a lingua e arranjar emprego,
tem todas as mordomias e ao fim de uns dias, dão de “frosques”
como é habito dizer.
Pois
meus amigos ainda há muitos portugueses naqueles países de Africa
que terão que vir com uma mão á frente outra atrás, porque
repetiram o erro de tentar fazer vida por lá, e aí quero ver se,
vindos de uma guerra, poderão chamar refugiados e ter as mesmas
mordomias que tiveram os outros .
E
olhem que há muitos e muitos no Zimbabué e na África do Sul que
terão mesmo que sair ou encontrarão a morte numa paragem dum
semáforo, num assalto ou até mesmo na rua.
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