A
chuva, essa chuva que trazia os meus cheiros de Africa.
O
cheiro a terra molhadas, que apaziguava a alma das gentes e o calor que sentíamos.
No
chão quente, as pingas grossas levantavam uma poeira "resmungona" como que querendo
sacudir do seu espaço a intrusa recém- chegada.
E
caía grossa, num repente que muitas vezes nos apanhava na rua.
Quando
acontecia, era um correr para o abrigo mais próximo, até que ela passasse.
Dentro do carro parado junto à mãe de água, ali esperávamos olhando o rio
que corria desalmadamente levando consigo troncos boiando ao sabor da corrente
e tudo mais que encontrava pelo caminho.
Durava
pouco ou continuava pela noite fora, apagando o fogo das queimadas que já limpavam
os terrenos para as culturas,ora tornando-se forte formando rios de água que
tudo levava à frente.
As
cheias, quando aconteciam levavam consigo todo o pecúlio das gentes dos campos,
as frágeis habitações de paus e capim, as culturas, e os animais que os
ajudavam na sobrevivência.
Cobriam-se
as estradas de lama, por onde fugiam as gentes de “catundos” na cabeça e filhos
as costas refugiando-se das águas que ocupavam seus lugares.
Mas
era belo o cenário das chuvas tropicais, e escreviam isso mesmo.
TERRA
PERFUMADA
Cheira-me
a pó de terra vermelha,
A rio
forte que corre velozmente,
Cheira-me
á florescência da mangueira
A pêra
goiaba, a maçaniqueira
Cheira-me
a chuva diáfana e bondosa
e sinto
encostado ao embondeiro
a
natureza, o alimentar da minha alma.
Deixem-me
ficar assim absorto
Aqui, onde
a vida me ofereceu
A terra
que viu nascer,
Tudo o que
sou e tudo o que é meu.
Um
bonito poema escrito à época pelo sargento que me namorava, hoje meu marido.
Essa
terra e essa chuva que nos lavava a alma e nos deixava felizes, vendo depois o desabrochar dos "capins", das culturas,
tornando tudo mais verde, voltando á normalidade.
Era
o ciclo da vida.!