Este
Natal engendrei um postal de Natal onde estou eu e meu marido, para
desejar a todos amigos as boas festas.
Ao
fazê-lo recordei os Natais de família quando os festejava em
Moçambique, a alegria, mesa cheia de tudo à moda de cá e de lá,
as receitas que minha mãe nunca esqueceu e eram como obrigatórias
estar nas mesa nas festas cristãs.
Uma
mesa cheia de gente quer na consoada quer no almoço seguinte, éramos
muitos da minha família que se reuniam em volta da mesa quando não
aparecia algum amigo que a nós se juntava pois estariam a cumprir o
serviço militar e sentiam-se sós, razão pela qual ao entrar na
porta de nossa casa encontrava sempre uma família pronta a
recebe-los.
As
famílias e amigos, hoje estas palavras parecem-me estranha.
E
porquê?
O
conceito família deixou de existir. Amigos sinceros poucos apenas os sobreviventes de lá.De cá não são iguais.
Porque
a família apesar de já muitos terem partido foram ficando os filhos
e netos que os substitui nos lugares vazios deixados pelos que
partiram, mas já não se reúnem, pessoalmente uns com os outros, é
nas comunicações modernas impessoais que desejam as boas festas, e
cada um fica na sua casa uns sós outros com um filho ou outro.
Passam-se anos que nem nos vemos.
Na
minha mesa de outrora eram normalmente 10 a 15 pessoas sentadas em
frente das iguarias que estavam expostas na mesa, rindo, comendo e
bebendo toda a tarde, levantavam-se para apanhar o fresco da tarde e
regressavam para continuar o convívio. Nestes dias a mesa não se
levantava, apenas a louça suja. Visitavam-se os vizinhos,
abraçavam-se de sorriso aberto e coração nas mãos.
As
prendas, essas não interessavam, qualquer boneca barata, ou o
vestido de chita feito para a ocasião já nos dava alegria.
Hoje
uma mesa de quatro quase dá para a ceia de Natal.
Dois
velhos cheios de boas recordações, num jantar comum onde já não
brilham as filhoses num prato, nem os frutos secos, nem os biscoitos,
as sobremesas etc.
Apenas uma cama quentinha como outro dia qualquer os conforta..
É
certo que o Natal passou de moda, senão é ver a quantidade de gente
que viaja para bem longe como se este dia lhes não diga nada, no
entanto é uma correria para comprar os presentes de Natal.
Para
quê, se o maior presente é a família, e estarão ausentes?
Na
minha mesa apenas estarão sentados dia 24 e 25 meus filhos, meus
netos, e uma prima que é mais uma irmã.
Somos
poucos, tudo faremos, como aliás nos anos anteriores que este dia
não seja só trocar presentes que no fim das festas se metem numa
gaveta e se esquece.
E
haverá também aqueles abraços e beijinhos que dinheiro algum paga,
e será a festa do nascimento de Jesus o Natal.
Na verdade, Jesus
filho de Maria e José, também estavam neste dia, sós, apenas
acompanhados pelos animais amigos que os ia aquecendo com seu bafo.
E
foi Natal !