Este
tempo dá uma tristeza e uma melancolia de quem já viveu muitos
anos, por terras onde estas palavras nunca existiu.
Recordo
vidas anteriores, todo o passado nestes dias que apenas me apetece
sentar a um canto onde ninguém me fale nem me veja, fecho-me num
mundo feliz dum passado que não volta, um passado que nunca meus
olhos verteram lágrimas, nem me senti nunca tão só
.
Recorro
talvez por erro, a folhear fotos antigas que fui tão alegre e feliz
e por vezes vejo alguma que de imediato me vem a memoria a amizade
que tínhamos bem como todo o passado.
Reparem
nesta foto que até quem vivia só numa cantina do meio do mato, onde
o dia nascia e anoitecia olhando o casal apenas, um para outro
acompanhado pelo radio ligado numa qualquer estação talvez para
apenas fazer barulho sendo que os donos se não sentissem tão sós.
Recordo
tão bem os dias que ali passávamos de quando em vez, porque eram
grandes amigos dos meus pais, felizmente até eles partirem mesmo
depois de regressarem a Portugal, ainda os visitamos.
Não
era tão perto de Tete mas a amizade fazia mais curta a viagem que
tínhamos que fazer.
Passávamos
lá dias fantásticos, recordo tão bem a entrada da loja chamavam
por lá “cantina”, onde nas prateleiras arrumadinhas as peças de
tecido baratas e outros bens necessários dia a dia, tudo devido ao
poder de compra local
.
Ao
lado havia uma porta que dava para uma sala que eu achava mais uma
sala de visitas, mas penso ser um escritório onde as contas do
negocio eram feitas sob uma secretaria encostada a janela com uma
vista bonito.
Outra
porta dava ligação à casa que alem das salas de jantar, quartos e
casa de banho, havia uma varanda com janelas viradas para o resto do
quintal onde felizes passeavam as galinhas etc,tinham-se
acesso por uma escada que descia da varanda ate ao quintal.
Nessa
varanda descansava-se nas típicas cadeiras de lona, onde esticavam o
esqueleto vagueando o olhar pela paisagem de mato verde, ou
dormitavam a sesta.
Tanto
que brincávamos nas ferias com os filhos, pois a filha foi estudar
para o Malawi e o filho para L.Marques.
A
rua era mais onde se passava o tempo, ouvindo o guinchar dos macacos
em cima da pedras em frente à casa.
D.
Ana fazia costura, o que lhe ocupava um pouco aquele tempo isolada,
não tirando a vez ao alfaiate que na varanda como em todas as lojas,
costurava as capulanas e as cabdulas dos clientes.
Os
cães, tinham dois, um leão da Rodésia e um pequenote de nome Tico
que dava saltos enormes e nos punha a rir.
Gozamos
ferias de praia em Lourenço Marques, acampados na Polana em tendas
que nos foi arranjadas pelos militares, enormes de um lado a ocupada
pela nossa família, de outro lado pela outra família e entre as
duas , de improviso a nossa cozinha.
Umas
ferias maravilhosas onde a roupa que vestíamos era o fato de banho
pois a praia era mesmo ali.
Vestíamos apenas quando íamos conhecer a cidade.
Foi uma viagem de carro que
nos facilitou paisagens maravilhosas pois saímos pela fronteira dos
países ingleses, Pretoria, etc. Paramos nos túneis de Louis
Trichardt para apreciarmos uma obra jamais vista.
.
Infelizmente deste passeio já muitos partiram, e há muito mais a relatar, mas onde estejam sabem que jamais esquecerei estes dias