Como
explicar a uma garota de 4 anos que um hospital é onde se curam as
pessoas quando tem doí doí ?
Pois
não é fácil, entrar pela mão do pai e ver tanta gente de pijama com ar de dor e sofrimento deitados etc, mas ela baixou olhos e
confiou na mão que a segurava.
Perdeu
o medo porque na cama onde estava a avó apesar de tudo havia
sorrisos e fluía a conversa normalmente.
Minha
mãe esteve internada sujeita a uma cirurgia ao joelho, saiu há dois
dias, na idade dela imagina-se as dores que terá que suportar, no
entanto a pequenita não saia de ao pé dela, esfregando-lhe os
braços com creme enquanto contava ao peripécias da escola.
E
visitou-a algumas vezes só que para percorrer o caminho da
enfermaria baixava os olhos , apenas isto.
De
minha parte como é óbvio passava as tardes com ela falando de tudo
e de nada, do presente e do passado, mesmo quando as visitas da
amigas não lhe faltavam.
Algumas
vezes dava comigo a pensar, que sensação terá uma mãe quando um
filho lhe telefona apenas uma vez por semana perguntando se estava
tudo bem.
Lembrou-me
África, que quando algum ente querido falecia, as lágrimas não
faltavam nunca enquanto lia as cartas, depois passava, e passava
rápido , nem sentimentos havia porque não chegavam a saber da
desgraça.
Apenas
ao serão se comentava, coitado trabalhou tanto para criar os filhos
e foi-se.
Este
“coitado” será que incluía as dores que ele havia sofrido
durante a doença, o sofrimento de quem os acompanhava dia a dia,
lavando-dos dando-lhe de comer e as noites sobressaltadas não fosse
dar-lhes alguma.
Sim,
por la não havia lares onde os despejavam para não sentir tanto a
decadência de quem toda a vida os criou e fez deles homens.
Pois
apesar de pequenita e ainda não perceber as obrigações que um dia
terá, pelo menos seus beijos e cuidados animam a avó.
Na
verdade, um dia todos seremos velhos, e então darão valor a tudo
que se possa fazer até mesmo um cumprimento, um pouco de conversa
para não se verem tantos, sentados a uma janela olhando o
infinito como se só ele existisse no mundo, esperando que a morte os
leve.