A guerra tinha terminado, fazia quase um ano. Não tínhamos entendido a guerra, não entendíamos agora a paz. Mas tudo parecia correr bem, depois que as armas se tinham calado. Para os mais velhos, porém, tudo estava decidido: os antepassados se sentaram, mortos e vivos, e tinham acordado um tempo de boa paz. Se os chefes, neste novo tempo, respeitassem a harmonia entre terra e espíritos, então cairiam as boas chuvas e os homens colheriam gerais felicidades.
Mia Couto. O ultimo voo do flamingo: 114.
Mia Couto. O ultimo voo do flamingo: 114.
Moçambique levou 30 e
tal anos a recompor-se, curou as feridas da guerra, iniciou um período de reconstrução,
e fez dele novamente o paraíso na terra.
As suas praias as
suas gentes, o clima e tudo mais passou a ser novamente o destino que qualquer
viajante deseja ou até mesmo o retornar as origens as gentes saudosas dum país onde
sempre haviam sido felizes.
O que havia sido
abandonado por força das circunstâncias e culpa de um acordo português mal
elaborado, foi-se deteriorando durante anos até que aos poucos ultrapassou tudo
e renasceu para um futuro auspicioso.
Moçambique estava no
rumo certo, estradas novas, cidades reconstruidas, investimento nacional a
estrangeiro por todo o lado, um país com uma potencial riqueza dos seus
recursos, com um PIB de fazer inveja a muitos países
.
Chegam agora notícias
de uma instabilidade total no país, envolvendo lutas bélicas pelo poder dum
governo legítimo eleito pelo povo.
Talvez aproveitando
esta fragilidade, os bandidos instalam-se á vontade, fazendo roubos, e raptos
de gentes. Mais ainda executam-nas quando a coisa corre mal.
Sr. Presidente do meu
país, não deixe que isto aconteça, não permita o regresso á guerra que só aterroriza
as gentes, e atrasa o seu desenvolvimento, ordene que se faça uma caça aos
raptores de modo a que não haja medo de viver em Moçambique.
Não deixe que Moçambique
perca tudo que conseguiu nestes anos, ser o tal paraiso na terra.
Eu e todos os
Moçambicanos esperamos isso de si, queremos paz na nossa terra.