Eram casas grandes
ou pequenas já nem sei mas tinham uma varanda a toda a volta, larga
por onde o vento fresco se passeava enxotando o calor que o sol
tórrido teimava atingir nas paredes interiores.
Ao centro de planta
simples dividiam-se em quatros os quartos de dormir e as
salas.
Espaçosas cada uma
com sua utilidade, a sala de jantar onde uma enorme mesa com muitas
cadeiras compunham o centro e num dos lados um imenso aparador onde
se guardava a louça domingueira.
Sobre o aparador um
naperon em renda de linha mui fina feito ponto a ponto ao serão a
luz fraca da lâmpada do tecto ou ate mesmo de um petromax, um relógio
antigo, uma jarra de flores .
Na outra sala, dita
de visitas uns caldeirões de madeira onde se exibia lindos
almofadões de chita garrida que amortecia o corpo de quem ali se
sentasse.
Um gira discos
antigo móvel bonito ao seu tempo. Dentro os vinis com as mais lindas
musicas e de outro lado o prato onde rolariam enchendo a sala de
melodias que adormeciam a alma.
Uma estante de
umbila feita pelo carpinteiro da aldeia, onde alinhados os livros já
velhos de tantas vezes serem lidos, acompanhavam noutra prateleira as
minúsculas figuras da aldeia indígena que havia em todos os lares
em África.
Um banco alto onde
uma planta verdejante emprestava uma frescura à sala.
O chão de cimento
vermelho brilhante, que para o efeito havia sido queimado com cimento
fino misturado com um corante apropriado, compunha a beleza do local.
Para lá de um dos
lados da varanda a cozinha, grande como nenhuma, e uma dispensa .
Na dispensa rodeada
de prateleiras, armazenavam bens alimentares, os azeites, as massas o
arroz que se comprava aos sacos de cinquenta quilos que se
distribuiria depois por garrafões de vidro grandes e selados com
cera, o açúcar as conservas etc.
Na cozinha bancas de cimento, na parede um gradeamento onde o aluminio das panelas brilhavam de ter sido esfregadas com cinza pelo "mufana" (ajudante de cozinheiro),e o fogão de lenha que dava aquele gostinho especial à comida.
E o calor teimava
aquecer a casa, que pela manha mantinha as janelas abertas
aproveitando a frescura matinal mas depois cerradas ficando numa
penumbra que mantinha o fresco.
A varanda, onde
alguns vasos de plantas espalhados faziam a delicia da dona de casa,
enfeitavam o local onde cadeiras de lona verde convidavam ao relaxe
do fim de tarde, era basta vezes molhada com mangueiradas de agua
refrescando assim toda a casa.
Mas era ao cair da
tarde que uma brisa fresca invadia o local era nessas cadeiras que os
senhores se estendiam de cerveja gelada na mão numa conversa amena
enquanto ouviam do velho transístor as noticias e as musicas da
época.
E caía a noite, os mosquitos invadiam o território do descanso num zumbir incomodativo mas a frescura da cacimba que caía colava-os as cadeiras e passavam pelo sono, um sono gostoso interrompido pelos sons da noite e pelo movimento constante num tentar afastar a única coisa que incomodava naquele praseiroso descanso.