Através
da vidraça da minha janela, vejo um mar de gente numa azafama de
compras de Natal.
O
tempo está chuvoso o frio faz-se sentir tal como o nevoeiro que
molham as roupas que os tenta agasalhar.
Dou
comigo a pensar noutros Natais, aqueles de antigamente quando ainda
era criança, numa cenário absolutamente diferente, até na
temperatura que nos fazia recolher à penumbra do interior de casa
procurando salvaguardar-nos da canícula da rua.
O
Natal era a festa da família e das crianças. Os brinquedos era o
mais procurado para ofertar, pois estes dias eram de paz alegria e
sobretudo das crianças.
Na
árvore de Natal (qualquer uma que meu pai achasse mais bonita)
enfeitada com estrelas e outras figuras perfeitamente recortadas das
folhas de prata que envolviam os cigarros, e bombons.
Era
linda naquele tempo, mas nós as crianças era para a lata que a
segurava o local onde o Pai Natal iria deixar os presentes.
Havia
lá em casa um sino pequeno de cabo preto e campânula prateada que
servia para duas épocas apenas, o Natal e a Páscoa.
No
natal as crianças deitavam-se à mesma hora dos dias normais mas por
vezes a excitação era tal que andávamos pela casa de pijama,
espreitando silenciosamente para a janela e para debaixo da árvore
de natal não fosse o pai natal já ter passado sem darmos conta.
Éramos
sempre apanhadas e de seguida nos metiam na cama novamente porque o
pai natal só passaria se os meninos fossem bem comportados e
estivessem a dormir.
Ele
estava muito ocupado a distribuir os brinquedos por tantos meninos e
não se saberia a que horas passaria mas a rena que o acompanhava
trazia no pescoço uma fita vermelha onde pendia um sino que tocava
quando andasse por ali.
Perante
esta conversa lá íamos para a cama onde acabaríamos por adormecer
mas muitas vezes só depois de ouvirmos o sino.
Ora
meu pai aquietava-nos porque ia para fora e tocava ele mesmo o nosso
sino de que já falei anteriormente.
Depois
disso já convictos que estaria perto o Pai Natal dormíamos rápido
para que o amanhecer não tardasse.
Pela
manhã corríamos abrir as caixas e embrulhos onde constava o nosso
nome e ficávamos eufóricas com o que nos haviam destinado.
Depois
era deixar tudo no mesmo lugar porque a missa nesse dia era sagrada.
Mais
tarde já crescidinhas a brincadeira mudou e passou a ser um dos
progenitores vestido de pai natal que nessa noite batia à porta, e
ali deixava os brinquedos.
A
vizinhança alinhava nesta brincadeira era numa época de Natal de
família, onde na mesa , em cima da toalha bordada ou de renda
vinda do Malawi se expunha os bolos, o arroz doce, os pudins os
bolinhos secos, as carnes grelhadas, as chamussas etc que faziam a
delicias de todos de casa e dos que nesse dia nos visitavam desejando
as Boas Festa.
As prendas dos adultos era verem a familia e especial as crianças felizes.
Por
curiosidade e referindo o tal sino que tínhamos mas desapareceu com
as mudanças que todos nos vimos obrigados.
O
sino que hoje paira nas recordações da minha infância, também era
utilizado na Pascoa, pondo todos alerta para a chegada do padre para
a visita Pascal.
Tocávamos
e escondiamo-nos logo que víamos a porta da sala abrir.
Não
era o padre na sua visita Pascal mas apenas nós na brincadeira.
FELIZ
NATAL 2018