Partira de madrugada na velha carrinha Ford
que já cansada de tanto trabalhar por vezes recusava-se a andar.
Era
a primeira vez que fazia esta viagem, ele e um amigo sentado a seu
lado que seria o informador da viagem, uma espécie de copiloto mas
ao que parecia sabia tanto quanto o motorista .
De
quando em vez lá paravam em alguma cantina para «mijar» e esticar
as pernas.
Claro
que sempre dava para deitar fora dois dedos de conversa enquanto iam
saboreando uma cerveja e deitando conversa fora .
Os
quilómetros passavam enquanto o sol ia caindo a pique e o calor
apertava, já quase não aguentavam a temperatura dentro do carro.
Param debaixo de uma sombra à beira da estrada, tiram
a camisa ficando apenas com a camisola interior cujas cavas já quase
chegavam à cintura mas que os aliviavam um pouco o calor.
Molham
a boca na agua no saco de lona pendurado á frente do carro como todos
usavam, pois diriam que a agua era fresca com o deslocar do carro.
As
estradas de terra não ajudavam muito pois a velocidade era
cuidadosamente calculada em função da mesma.
Sorte na ser na estação das chuvas que com matope seria bem diferente
Pela
frente apenas a imagem de longas rectas de terra vermelha de onde se
via subir as ondas de calor, e parecia não ter fim.
Lá
pela noitinha chegavam ao destino, partidos, encalorados, e qualquer
sitio para tomar um banho e cair numa cama era uma bênção dos
céus.
Mas
não sem antes jantarem e limparem a garganta do pó da viagem com
mais umas «Manicas».
No
dia seguinte seria o regresso já com a carga que foram buscar mas
passando as mesmas torturas da viagem anterior.
Africa
sempre Africa que deixa tantas saudades.