Escrevi
em mote de brincadeira, sobre os peixes do Pavia os tais peixes
pintados em esferovite embelezando o rio sem sentido algum.
Olhando
para o lado contrário, basta rodar o corpo 180º casas que choram
tempos passados, talvez com saudade dos donos antigos pois os actuais
se é que os há abandonam-nas à sorte do tempo.
Aos
poucos vão os telhados caindo, as janelas onde outrora apreciavam o correr do rio onde as lavadeiras se debruçavam no lavar dos
lençóis alvos, talvez dos senhorios que serviam, onde havia barcos
movimentando-se, hoje de vidros partidos .
As
sacadas de ferro forjado, talvez ainda da autoria de António Malho,
onde as vizinhas desenrolavam conversas de varanda para varanda, hoje
já nem os pássaros la pousam.
Enfim,
casas sem alma, abandonadas ate caírem devido as madeiras podres dos
telhados e no interior no chão outrora encerados e brilhantes bem
como alguma escadaria que resta perigosamente a cair.
Nesta
rua, e em outras ruas da cidade, há muitas casas assim e mais doí
as que já foram palacetes, e hoje a era trepadeira tomou conta dela.
Quase
não as vê apenas o verde da invasão dessa praga as cobre
totalmente assenhorando-se de tudo, onde já nem alma tem.
Não
deveria haver uma lei que obrigasse os herdeiros a manterem-nas
habitáveis, ou que as vendam quer seja para restaurar quer seja para
deitar abaixo, sempre deixava de haver um canto para noctívagos e
drogados, e ai nascer novas residências onde se oiçam as vozes das
gentes e o riso das crianças.
Salvem
as casas outrora lindas, construídas com tanta dificuldade pelos
velhos donos para as deixarem aos filhos como herança.
Respeitem os
velhos donos que apesar de já não estarem neste mundo, gostariam de ver os seus sacrifícios de uma vida terem valido a pena.,