Começou novo ano e não quero escrever, não quero abrir o que me
vai na alma.
Tenho medo, tenho medo deste novo ano, sinto que me perderei em
lágrimas sofridas, tempos difíceis, dores de alma.
Mas não quero pensar nisto, teimo em esquecer o que sinto mas a
noite não me ajuda.
Fico acordada horas infinitas matutando em tanta coisa que já minha
mente se perdeu no cansaço.
Não quero pensar mas penso em tudo que passei nesta vida, os
trabalhos e lutas para aqui chegar, no entanto continuo a sentir que muito mais
terei de lutar.
Estou cansada, estou a perder o melhor da vida, o tempo de ver
minhas netas crescer, estar com elas sentir seus braços fechados no meu pescoço,
seus beijos em meu rosto, e alegria delas nas brincadeiras.
A companhia do meu velho, os fins-de-semana a dois, sentados
lado a lado falando de qualquer assunto, apenas nós .
Jantarmos num qualquer restaurante ao fim de semana, viajar
sempre que queiramos.
Mas não, continuo a sair de manha e regressar á noite para um
trabalho que já me não dá prazer, porque sei o que estou perdendo.
Tenho medo de perder a minha mãe, vivi com ela toda a vida, e
não a quero perde. Sei que um dia partirá para junto do meu pai mas não queria
que sofresse.
Escrevo precisamente no segundo dia deste ano porque preciso exortar os meus diabos.
Não queria escrever mas quero
ter esperança no futuro e não consigo.