MOÇAMBIQUE
Hoje
é o dia da Felicidade , dizem os entendidos, no entanto não comungo
desta opinião.
Nem
eu e certamente muito dos que tem no peito um coração e não uma
pedra.
A
felicidade não é apenas e só o sentimento que a devem do amor a um
companheiro ou a coisas pessoais, é uma estado de espírito que
abrange toda uma vida.
Pessoalmente
todos os dias agradeço a Deus a família que tenho, o meu marido os
meus filhos seus conjugues e netos. Pois sou uma feliz arda com a
minha gente, adoro-os e mais não quero que o amor que nos une a
todos, bem como o pão nosso de cada dia.
Mas
a felicidade no meu coração não é apenas isto, abrange muito mais
e por isso hoje não estou feliz.
Como
posso estar feliz perante a desgraça dos outros?
Não
não estou feliz mas sim muito TRISTE.
Como
uma pessoa se pode sentir feliz no dia de hoje quando os meus irmãos
de Moçambique sofrem atrozmente com a tempestade que assolou o país?
Pensem
bem, quem nasceu como eu em terras de África onde, ai sim, fui
imensamente feliz onde comprovei 30 anos após ter deixado a minha
terra, pode sentir-se feliz nos dias de hoje?
Eu
brinquei com eles, andei na escola, sentei-me a roda da fogueira onde
a panela do feijão fervia em cima de quatro pedras, embalei bebés
recém-nascidos no meu colo, ensinei a ler os moanas filhos do
cozinheiro, eram meus irmãos.
Tenho
o privilegio de ter amigos que me foram informando diariamente das
situação dessas gentes, partilhei algumas fotos com os amigos e
informações que ia recebendo.
Milhares
de pessoas sem teto à chuva e ao frio com os filhos nos braços e
cima de árvores e nos telhados das casas vendo as aguas a subir e
apenas eles e Deus?
Como
me sinto feliz se soube que dezenas de bebes morreram nos berçários
e muitas mães internadas para parir os seus filhos, acabaram por
morrer também com a tempestade e as aguas inundando tudo?
E
as palhotas(casas rudimentares em África) que em situação normal
acolhia uma família durante anos e foram levadas pelo temporal como
folhas de papel?
Meu
Deus o sofrimento desta gente sem tecto sem comida sem local seguro
que os salve?
É
caso para dizer, e as crianças senhor, porque lhes dás tanta dor?
A
cidade da Beira, que era linda com umas praias fantásticas que
recordo de tantas vezes lá ir, está completamente destruída, foram
os telhados, as estruturas de pavilhões as árvores tudo do avesso?
E
a chuva continua, sem dó nem piedade e as gentes desprotegidas as
crianças à fome , sede e frio porque não tem ligações a parte
alguma.
As «machambas» lindas, prestes a dar o milho, tudo destruído.
Aquela
zona era o celeiro de Moçambique.
Penso
nos tempos próximos, a fome espreita e certamente a cólera a
malária e outras doenças comuns a situações destas, chegarão.
Que
Deus olhe por estas gente que tanto precisam dele.
Se
fosse mais perto, lá estaria a ajudar aquela gente, mas espero
sinceramente que tudo que dão para estas gentes lhes cheguem às
mãos que bem precisam.
Que
Deus castigue aqueles que desviem qualquer bem em proveito próprio
ou deixem em armazém apodrecendo tudo aquilo que poderá agasalhar
ou matar a fome a uma pessoa.