Mais um dia a
lembrar os esquecidos, que não nasceram sem família.
Hoje decretaram o
dia dos avós, pode parecer mais um daqueles dias tal como o dia do
amigo do gato etc etc.
Bem sei que a
família não se escolhe mas nem por isso deixa de ser a nossa
família, e feliz daquele que ainda os tem e que não só hoje como
todos os dias os recordam.
Seja por amor, pela
idade ou doença dos mesmos, para não falar no geitasso que dá ter
uns avós que fique com os pequenos enquanto os pais vão trabalhar.
Acho realmente que
ter avós é um privilegio do qual devemos usufruir enquanto existem.
Da parte do meu pai,
já os não conheci pois faleceram há muito no Brasil no entanto da
parte da minha mãe sim, conheci-os bem apesar de pela idade, por
pouco tempo.
De parte de minha mãe, meu avô eram um velhinho de cabelos brancos mãos calejadas e um enorme sorriso que nos convidava a conversar horas seguidas. Chegou a ir a Tete conhecer como os filhos viviam o que o deixou muito feliz, e confuso com a tez do povo local, pois da aldeia eram todos brancos, apenas conheciam outras raças pelos livros da escola.
A minha avó mulher
de armas, a idade para ela não contava desde que se pudesse mexer
fazia a sua vida quotidiana e pela tarde sentava-se nas escadas de
entrada da casa e reunia a pequenada em volta dela.
A lengalenga era
sempre a mesma, historias inventadas às quais de ouvido bem atento e
olhitos arregalados a pequenada ouvia atentamente.
Ensinava orações
da igreja, contava historias bíblicas, versos de há muito como a
Nau Catrineta e aos mais velhos até as rezas de quebranto etc
usualmente utilizadas naquele tempo.
Depois foi a minha
mãe que calhou a honra de ser avó, do primeiro neto meu filho
depois minha filha e sobrinhas.
Estes são os
verdadeiros porque pela vida fora criou tantos meninos que hoje lhe
chamam avó com um carinho como se de facto o fosse mesmo. Não
esquecem os aniversários e lhe dão um mimo que só visto.
Para quem a conheceu
de entre os meus amigos bem sabem que assim foi sempre, vive comigo
mais ou menos há 20 anos, claro que depois de tantos anos acabou por
criar também os bisnetos que a não largam, são a companhia dela
aos quase 90 anos ajudando sem querer que aquela cabecinha funcione
perfeitamente.
Quando algum neto
lhe não telefona nos aniversários, Natal etc fica assente na sua
agenda das faltas o que acho muito bem depois de lhes ter dedicado
toda a vida.
O meu pai que já
Deus o levou uma doçura de pessoa, não havia ninguém que o não
conhecesse e sempre de mão estendida para ajudar quem precisava.
Não era meu avô
mas recordo as vezes que a minha mãe vinha de chinelo na mão atrás
de mim e me escondia nos seus braços de onde , sempre vinham as
palavras comuns “deixa lá a miúda”.
Os anos passam e
hoje os avós sou eu e meu marido, como compreendo a paciência que
herdei do passado de todos os vós da família.
Ser avó é um up
grade de ser mãe, é os carinhos , as feridas que faziam nos
joelhos, empurrar o baloiço, levar aos treinos da bola, enfim cuidar
deles como ninguem.
Por tudo isto acho
muito bem que se recorde o DIA DOS AVÓS , mais que não seja para os
“distraído” que lhes passa tudo ao lado,
Benditos avós que
devem ser amados , respeitados, cuidados quando envelhecem, adoecem,
não os abandonarem a sua sorte, basta apenas retribuir sempre o que
deles receberam em pequenos, e recordarem que um dia tambem irão
pisar as calçadas da vida.