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A noite era longa, o calor sufoca, da minha
janela via-se ao longe no escuro, uma linha de fogo baixo lambendo os campos agrícolas.
Quase se vislumbrava os imensos insectos que voam
por cima desse vermelho num dançar de morte acordados pelo calor numa tentativa
de fuga.
Limpava tudo, as bichezas as ervas daninhas deixando
uma camada de cinza que ira fertilizar a terra.
E passa tudo de sujo a limpo, num fogo que
dizem perigoso mas necessário.
Não fazia mal, pois pela noite os deuses
controlam tudo, afastam os animais do perigo enquanto sopram os ventos serenos até
que pela madrugada entregam ao cacimbo da noite a sua extinção.
Pela manha apenas cinza ainda quente descansa
sobre a terra.
E era assim, todos os anos queimam o capim dos
campos, na certeza de um novo e melhor ciclo de vida.
Seguindo os usos antigos arreigados dentro do
meu peito gostaria também de queimar o “restolho” que fica na vida, das ervas
secas e daninhas que secam o corpo definam a alma, e que á noite esse fogo
baixinho limpasse todas as maleitas, deixando pela madrugada uma esperança
nova.
Porque
Hoje não sou a mulher forte
A que tudo enfrenta dia a dia
Tenho dentro de mim a alma vazia.
Procuro a força na noite escura
E nos xicuembos do meu país.
Fecho os olhos ergo os braços
Peço ao molungo que me envie
Pelo som dos seus tambores
E dos batuques da minha terra
As forças precisas para viver!