Um dia destes falei da mãe de água, hoje encontrei esta foto de
um lindíssimo por do sol em Tete.
Ora bem serei a menos indicada para o dizer porque para mim
tudo naquela terra é lindo, e mais uma vez recordou-me a minha vivência naquela
cidade.
Tínhamos lá para o lado do matadouro antes do aviário da família
Nunes Pereira, um armazém que mais tarde foi alugado para oficina ao Sr. Guerra
que a mulher trabalhava na Marisqueira ali mesmo quase ao centro da General
Bettencourt em frente às obras Públicas, por sinal também ao lado do prédio do
meu pai onde estavam instalados vários serviços entre eles os escritórios onde
começou Cahora Bassa.
Mas isto é outra história!
Ora era habito á tardinha dar o passei dos tristes para aqueles
lados onde também estava a machamba dos Aguiares etc. fugindo ao calor do alcatrão.
Á época havia casado há pouco tempo e era para ali que fugíamos com
um velho Volkswagen baptizado por “leão da estrada” que estacionávamos
á beira-rio ao fresco das sombras das acácias e outras árvores que por ali
cresciam livremente.
E lá estavam as mulheres junto ao rio, dentro de água com seus
filhotes e grandes bacias de roupa, inclinadas sobre uma pedra lisa lavando-a enquanto
á sua volta as suas crianças brincavam.
Eram muitas, falavam alto seguido muitas vezes de gargalhadas espontâneas
ou reprimenda às crianças que nas brincadeiras de excediam.
Quase sincronizados eram os movimentos do esfregar com sabão
azul a roupa, erguerem-se e baixarem-se batendo com ela na pedra, enxaguando de
seguida e atirada já limpinha para dentro da bacia.
Afligia-me aquelas crianças dentro de água aos saltos nas
brincadeiras pois temia que algum jacaré se aproximasse o que já não seria a
primeira vez infelizmente.
Ao fim da tarefa da roupa, pegavam nos “muanitas” por um braço e
lavavam-nos cobrindo-os de uma espuma que os punha a espernear. Depois limpavam-nos
na capulana, sentavam-se na beira do rio enquanto eles sugavam os peitos magros
de leite.
E por ali estavam até o sol cair, quando em carreirinho
regressavam as suas palhotas com as bacias á cabeça num equilíbrio total e pela
mão os filhos de "cabedulas" (calção) caminhavam e nas costas os mais pequenitos.
E recorda-me ver cair o sol e apreciar as silhuetas delas
caminhando num fundo glamoroso que é o por do sol da minha terra.
Esta imagem no entanto é de outro ângulo da cidade pois ao fundo penso ver a ilha do Canhimbe.